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Embap: perplexidade diante do resultado do  Índice Geral de Cursos do MEC | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Embap: perplexidade diante do resultado do Índice Geral de Cursos do MEC| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Matemática

Entenda como é calculado o Índice Geral de Cursos (IGC), indicador criado pelo Ministério da Educação (MEC) para avaliar instituições de ensino superior:

Definição

O IGC é um indicador de qualidade de instituições de educação superior, que considera, em sua composição, a qualidade dos cursos de graduação e de pós-graduação (mestrado e doutorado).

Método

No que se refere à graduação, é utilizado o Conceito Preliminar de Curso (CPC), uma média que inclui o Conceito Enade (desempenho dos alunos concluintes e ingressantes); o Indice de Diferença de Desempenho Observado e Esperado (IDD), que mostra informações comparativas dos desempenhos de estudantes concluintes de uma instituição em relação aos resultados obtidos, em média, pelas demais faculdades cujos perfis de seus estudantes ingressantes são semelhantes; e as variáveis de insumo (informações do Censo da Educação Superior e de respostas ao questionário socioeconômico do Enade sobre corpo docente, infra-estrutura e programa pedagógico).

Para um curso ter CPC é necessário que ele tenha participado do Enade e o IGC varia de acordo com a nota dos alunos que participaram dessa avaliação.

Consequências

O IGC divide as instituições por totais contínuos que vão de 0 a 500 pontos e em faixas que vão de 1 a 5. Devido ao boicote dos alunos da Embap ao Enade 2009 (os 69 alunos que fizeram a avaliação tiraram, propositadamente, nota zero), o IGC da instituição ficou em 57 pontos, o segundo mais baixo do país.

No fim da semana passada, alunos e professores da Escola de Mú­sica e Belas Artes do Paraná (Embap) levaram um susto ao ver o nome da faculdade divulgado em todo o país como uma das 12 piores instituições brasileiras. A in­­formação veio de fonte segura: o Mi­­nistério da Educação (MEC), que divulgou, na quinta-feira (13), os resultados do Índice Geral de Cursos (IGC, instrumento que me­­de a qualidade das instituições de ensino superior do país) referentes ao ano de 2009 (leia mais no quadro ao lado).

Ironicamente, os únicos cursos da Embap avaliados pelo MEC foram os da área de Música (Canto, Instrumento, Licenciatura e Com­­posição e Regência), justamente os mais reconhecidos mundo afora por formarem profissionais qualificados, grande parte deles componentes de orquestras de destaque no Brasil e no exterior, e por seu elogiado corpo docente. Após uma se­­mana tentando entender os motivos que levaram à baixa classificação, a diretoria da Embap descobriu o problema: os alunos.

Insatisfeitos com os métodos de avaliação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), os estudantes ingressantes e concluintes que foram convocados para prestá-lo em 2009 optaram por boicotá-lo. Dos 101 estudantes chamados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para fazer a avaliação, apenas 69 fizeram a prova e todos obtiveram, propositadamente, nota zero.

"As notas do Enade, atribuídas aos estudantes dos cursos de graduação em Música, não refletem nem o conhecimento e maturidade dos próprios estudantes, nem mesmo o atual estágio acadêmico da instituição. Pelo contrário, tratam-se de notas resultantes de respostas aleatórias às questões propostas ou de provas entregues em branco", explicou a diretoria da Embap, em comunicado enviado à reportagem da Gazeta do Povo.

Em reunião com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da faculdade na manhã da última quarta-feira (19), o boicote foi con­­firmado. De acordo com o estudante do curso de Gravura, Rodolfo Lucchin, 23 anos, a in­­tenção dos estudantes não era prejudicar a instituição e, sim, manifestar o descontentamento em relação às provas do Enade. "A estrutura dos cursos melhorou bastante nos últimos anos e os professores que temos são ótimos. Esse índice não reflete, de modo algum, a realidade", ressalta Lucchin, que também é integrante do DCE. "O diretório não está envolvido no boicote. O que acontece é que muitos alunos da Belas também estudam na UFPR, onde a cultura do boicote ao Enade é bastante forte a antiga", justifica.

Uma das estudantes concluintes do curso de Música convocadas a prestar o Enade em 2009, a musicista Ana Elisa Gonçalves Pereira, 22 anos, justificou sua ausência na prova, pois preferiu fazer a avaliação de outra universidade que cursava na mesma época. No entanto, ela já havia prestado o exame que avaliou o curso de Música em 2006, o que a deixou bastante decepcionada. "Em uma das questões, tínhamos de criar uma composição musical, mas não havia nem pauta para escrevermos as notas na folha de resposta. O conteúdo da prova não é nada adequado", revela.

Esclarecimentos

As 12 faculdades que receberam IGC situado entre as faixas 1 e 2, entre elas a Embap, receberão visitas do MEC a partir do início do semestre letivo. "A partir da visita, a instituição poderá firmar protocolo de compromisso com a Secretaria de Educação Superior do MEC em que terá um prazo para implementar as melhorias determinadas pela secretaria. Dependendo da situação do curso, a secretaria pode ainda suspender, de forma cautelar, o ingresso de novos alunos ou ainda reduzir o número de vagas. Nesse processo de visita, a instituição po­­derá justificar essa questão do boicote dos alunos, se tiver sido esse o caso", informou a assessoria de comunicação do MEC.

Uma das sete faculdades paranaenses a integrar a Universidade Estadual do Paraná (UEPR), oficialmente inaugurada no fim do ano passado, a Embap se diz aberta para visitas de avaliação. "Fomos recentemente reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação (CEE), com base em uma avaliação de peritos especializados de diversas universidades brasileiras. Fora isso, o investimento em infraestrutura e na qualificação dos professores é cada vez maior. Com base nessa argumentação, vamos prestar esclarecimentos ao MEC", ex­­plica Zeferino Perin, presidente da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tec­­nológico do Paraná e responsável pelo projeto de implementação da UEPR.

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