Os caminhos de um livro, até o público, podem ser muitos. Hoje, quem descer ao porão do Wonka, a partir das 21h30, vai ter a oportunidade de ouvir quatro atrizes lendo textos do livro Cartas de um Sedutor, de Hilda Hilst (1930-2004). Há quem vá até o local exclusivamente para acompanhar a performance. Mas as atrizes sabem que podem e possivelmente vão estar diante de gente que estará lá por acaso. Isso também está previsto. Tudo, afinal, faz parte desse caminho, mágico até, entre o que um autor escreveu e o eventual interlocutor.
Esse projeto, ler Hilda Hilst, nasceu por meio do acaso. Ou a partir de algumas circunstâncias muito específicas. Ainda no primeiro semestre, a atriz Verônica Rodrigues começou a dialogar com o cineasta Elói Pires Ferreira. Ela atuou no filme Curitiba Zero Grau, em fase de finalização. Entre uma e outra cena, Verônica ganhou do diretor o livro Cartas de um Sedutor, de Hilda Hilst.
Verônica, já há algum tempo, frequenta o apartamento da atriz Claudete Pereira Jorge, possivelmente o nono andar mais animado da Rua XV. Lá, as madrugadas são acesas. Músicos, atores, diretores e gente do meio artístico costuma conversar e dividir conteúdos. Foi durante um desses encontros que Verônica começou a ler Cartas de um Sedutor. Helena Portela, filha de Claudete, e também atriz gostou. A atriz Carolina Pfarrius também mostrou interesse. Pronto. As leituras do texto de Hilda Hilst já estavam sendo esboçadas.
Logo, a atriz Rosana Stávis também foi incorporada ao projeto. Verônica conta que o músico e ator Diegho Kozievitch fará intervenções sonoras com o violão. "Mas tudo é muito despretensioso", diz Verônica. Ela afirma que a apresentação é um laboratório, exercício para as atrizes, mas também há o acaso, "sempre o acaso". "A leitura pública é interessante. Você joga uma energia e, na hora, sente a temperatura do texto. Numa dessa, podemos transformar esse texto em uma montagem. Tudo vai depender das reações", diz.
Na tarde do último domingo, as atrizes fizeram uma leitura na casa de Octávio Camargo, mais conhecido pela sua experiência como músico, mas também profundamente envolvido com dramaturgia. Ele, na condição de artista e crítico, aprovou o que viu, escutou e sentiu. "Elas fazem uma leitura franca de textos em que Hilda Hilst fala com muita poesia sobre temas fortes e eróticos. A proposta dessas atrizes é relevante", diz Camargo.
Serviço
Leitura de Cartas de um Sedutor, de Hilda Hilst. Wonka Bar (R. Trajano Reis, 326). Com Verônica Rodrigues, Helena Portela, Carolina Pfarrius e Rosana Stávis. Participação especial de Diegho Kozievitch. Hoje, às 21:30. R$ 3.
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