Shows
João Evangelista Rodrigues, Pereira da Viola e Wilson Dias
Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. De hoje a sábado, às 20h, e domingo, às 19 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).
Almir Sater
Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/nº), (41) 3304-7900. Sábado, às 21 horas. A partir de R$ 100.
Orquestra Sanfônica de Pato Branco
Canal da Música (R. Júlio Perneta, 695), (41) 3331-7500. Sábado, às 20 horas. R$ 5 e R$ 2,50 (meia-entrada).
Por coincidência na agenda cultural curitibana, três atrações de diferentes localidades e propostas, mas fortemente ligadas à música brasileira de raiz, oferecem um interessante roteiro para os amantes desse universo a partir de hoje. Em miniturnê de hoje até domingo, o trio mineiro dos violeiros e cantadores Pereira da Viola e Wilson Dias e do poeta e jornalista João Evangelista Rodrigues se apresenta no Teatro da Caixa. No sábado, Almir Sater faz show no Teatro Guaíra, com poucos ingressos disponíveis até o fechamento desta edição quase todos no segundo balcão , e o grupo Orquestra Sanfônica de Pato Branco interpreta canções regionais em versões instrumentais no Canal da Música.
Música da terra
O trio de Minas Gerais mais especificamente das regiões dos vales do Mucuri, Jequitinhonha e São Francisco apresenta na íntegra o disco coletivo Pote: A Melodia do Chão, de hoje a sábado, às 20 horas, e domingo, às 19 horas. Lançado em 2010, o álbum traz, em primeiro plano, as letras inéditas de Rodrigues, repletas de referências à cultura popular da região, à religiosidade e ao universo de João Guimarães Rosa e da poesia de Manoel de Barros. Tendo o objeto pote como conceito do qual se extraem significados culturais, as músicas evocam o universo rural em imagens, memórias, texturas e referências folclóricas. A sonoridade atualiza a música de viola e incorpora elementos da MPB, música erudita e a música popular mineira representada em legados como o do Clube da Esquina.
"É um regional extremamente universal", diz Pereira. "Somos de uma geração de violeiros que passa por aspectos que não são mais apenas da música de raiz, pela coisa do sertanejo e do caipira. A gente deixa fluir outras influências", explica. Dias completa: "Estamos com o pé fincado no sertão, mas temos uma visão de mundo. É uma linguagem mais contemporânea."
Em meio a conceitos e grandes referências literárias, os músicos falam da ligação visceral que expressam no trabalho. Ambos já possuem discos solo de viola lançados. Pereira nasceu na roça e, ligado a movimentos sociais e a ideias políticas de justiça social por meio da terra, representa este universo em sua música. Para Dias, o disco é resultado de uma relação de amizade, de um ambiente humanizado e de ideias que o trio sinceramente defende.
"Eu acredito muito nessas sutilezas", explica Dias. "Não dá para se fazer só uma música para o mercado. Estamos preocupados primeiro com aquilo em que acreditamos. É uma alegria mostrar isso."
Raiz na sanfona
Já a Orquestra Sanfônica de Pato Branco recorre a clássicos do cancioneiro regional no show que faz no Canal da Música, sábado, às 20 horas. Fundado em 2006 e formado por 18 acordeonistas, bateria, contrabaixo e violão, o grupo do interior do Paraná apresenta, dentre outras músicas da cultura gaúcha, nordestina e latino-americana, versões instrumentais da valsa "Romaria" (Renato Teixeira) e das guarânias "Cabecinha no Ombro" (Paulo Borges) e "Chalana" (Arlindo Pinto e Mário Zan).
Tocando as emoções com simplicidade
O cantor mato-grossense Almir Sater apresenta o seu já tradicional show neste sábado, no Teatro Guaíra, com ingressos quase esgotados. "Todo ano vou a Curitiba. É marcado. É um gosto nosso. A gente gosta de tocar aí e é muito bem recebido, sempre. O teatro é bom, e o público faz aquele silêncio profundo", conta Sater, em entrevista por telefone à Gazeta do Povo.
O silêncio que o cantor valoriza tem a ver com a sutileza de suas canções e com o universo que retratam. "Nossa música pede isso", diz. No repertório estão os sucessos "No Rastro da Lua Cheia", "Maneira Simples", "Um Violeiro Toca" e "Tocando em Frente", além de "Chalana" sucesso da novela Pantanal que projetou o cantor na década de 1990 e o destacou como um dos "guardiães" da música de raiz brasileira. Papel que Sater não assume nestes termos. "Acho um certo exagero. Toco as músicas de que gosto. Sempre toquei a viola caipira e sempre gostei de violeiros como o Tião Carreiro, das modas e ponteios de viola. Mas não tenho esse talento. Isso apenas influenciou o meu trabalho. Nunca resgatei nada e sou até pouco estudioso. Conheço muitos que o fazem e têm talento para isso", diz Sater.
Com a mesma simplicidade, o cantor e compositor explica que a razão de estar há tanto tempo lotando shows e cantando músicas que não saem do gosto do público tem a ver com a sorte de ter bons parceiros, como Renato Teixeira, e com as emoções de que tratam suas canções. "O segredo é trazer algo que mexa com as pessoas, com o inconsciente delas. Não tem uma lógica. Só fico feliz por poder viver tocando a minha viola. Isso eu quero fazer para sempre. Para mim, a música é eterna e nunca vou fazer outra coisa."
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