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Os fãs curitibanos de Christiane Torloni terão de colocar o velho videocassete para funcionar neste fim de semana. Ao mesmo tempo em que sua personagem Haydée viverá novas humilhações sentimentais em América – por conta de sua relação tumultuada com o ex-marido adúltero –, três outras criações da atriz estarão no palco do Guairão. As personagens são as protagonistas dos três monólogos de Mulheres por um Fio, coletânea de textos montada sob encomenda para Torloni pelo diretor José Possi Neto.

"É a primeira vez que consigo fazer novela e teatro ao mesmo tempo", diz Torloni. A peça havia estreado em 2004 e fez temporada em São Paulo. Mas, após alguns meses, a novela obrigou a atriz a parar com tudo para se dedicar a Haydée. Agora, com a trama entrando em "velocidade de cruzeiro", como ela mesma define, foi possível retomar a atividade no teatro. E depois de uma temporada no Rio de Janeiro, o Paraná é o primeiro estado a receber a turnê do espetáculo, com apresentações em Londrina e Curitiba.

A idéia de Mulheres por um Fio nasceu de uma coincidência entre dois textos clássicos. O primeiro é A Voz Humana, do francês Jean Cocteau. O segundo é um conto da norte-americana Dorothy Parker. Em ambos, a personagem central é uma mulher de sua época às voltas com conversas telefônicas. E não há nenhum outro personagem aparente. José Possi Neto, antigo colega de trabalhos de Torloni, decidiu juntar as duas obras. No entanto, faltava uma terceira personagem para a concepção. Com uma francesa dos anos 30 e uma norte-americana dos 50, era necessário ter uma brasileira atual no palco.

Falabella

O texto da última parte foi encomendado a Miguel Falabella, que criou uma mulher na casa dos 40 anos que atende três telefones celulares enquanto espera por sua massagem. Fala dos seios "novos" – encomendados ao cirurgião plástico – e tem uma vida para lá de agitada. Torloni conta que pediu a Falabella que o texto não fosse só uma comédia, mas também tivesse um final feliz. "Depois de um drama do Cocteau e de uma farsa da Dorothy Parker, queria uma comédia de sobremesa. Algo que fizesse as pessoas irem embora do teatro felizes", conta.

A vontade de fazer uma peça "feliz" tem a ver com o aniversário que a atriz está comemorando. "São 30 anos de profissão. E acho bacana comemorar isso bem perto do público", afirma. Ao mesmo tempo, a participação em América acabou dando um novo motivo para celebrar. "A gente nem sabia direito como ia ser essa personagem no começo da novela", lembra. Hoje, com a trama em pleno vapor, Haydée se transformou quase em personagem principal e tem gerado uma série de debates – sobre cleptomania, traições e separações.

* Serviço: Mulheres por um Fio. Guairão (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3315-0979. Textos de Jean Cocteau, Dorothy Parker e Miguel Falabella. Direção de José Possi Neto. Com Christiane Torloni. Dias 2 e 3, às 21 horas e dia 4 às 19 horas. R$ 40 (platéia e 1.º balcão) e R$ 30 (2.º balcão).

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