Mecenato em novos moldes
Após uma longa espera, a classe artística de Curitiba volta a inscrever seus projetos na Lei Municipal de Incentivo, modalidade Mecenato Subsidiado, que abre inscrições de 14 de maio a 30 de junho, após um período de reformulação.
A modalidade estava inativa desde 2005. "Assumimos com um entrave de 757 projetos aguardando avaliação. Agora a fila está zerada", diz o presidente da FCC, Paulino Viapiana.
As mudanças da nova Lei incluem o julgamento de mérito dos projetos, que antes eram avaliados apenas pela análise orçamentária e documental; a criação de sete subcomissões de avaliação, uma para cada área cultural (literatura, música, audiovisual, artes visuais, artes cênicas, folclore e patrimônio); a divisão igualitária dos recursos para o Mecenato Subsidiado e para o Fundo Municipal da Cultura; a criação de dois editais por ano no Mecenato (cada empreendedor só poderá ter projeto aprovado em um deles). Mais informações no site http://www.fccdigital.com.br/leidoincentivo ou pelo e-mail atendimento@fcc.curitiba.pr.gov.br
"O que você pensa sobre as políticas culturais do Paraná e de Curitiba?" A pergunta foi feita aos leitores do Caderno G Online (www.gazetadopovo.com.br/cadernoG), em um fórum que está no ar desde o início da semana passada. A maioria demonstrou insatisfação com os rumos das ações culturais empreendidas pelos governos estadual e municipal. "Que políticas?", "Tem política cultural no Paraná?" ou "Política cultural... nome bonito!" foram algumas das frases desferidas.
Diante das inquietações dos leitores, o Caderno G conversou com o presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Paulino Viapiana, para saber quais serão as ações previstas para 2007. Ao final da entrevista, obteve algumas respostas à ironia dos leitores.
"Existe política cultural no Paraná? Daquela que fomenta a cultura produzida aqui e dialoga com o que é feito lá fora? Talvez em Curitiba ainda tenha algo, mas no Paraná não tem nada", escreveu João Rosa.
Para Viapiana, essa percepção, compartilhada por outros leitores, denota desconhecimento do público. "A própria FCC tem responsabilidade nisso. A administração pública ainda não conseguiu construir uma cultura de exigir cultura por parte da população", diz.
Quanto à observação do leitor de que Curitiba talvez "ainda tenha algo" em comparação às iniciativas para o setor cultural do Paraná, o diretor da FCC opina: "O governo do estado é deficiente para investir em Curitiba. De alguma forma nós suprimos o que eles não fazem e, assim, o governo do Estado pode se voltar para o interior do estado, mais carente".
Em obras
Na opinião de leitor Rober Machado, faltam ações consistentes e a longo prazo. "Algumas ações isoladas não têm continuidade nem numa mesma administração. Cultura nunca foi prioridade para os políticos paranaenses".
Viapiana defende-se ao afirmar que sua gestão herdou a FCC "quebrada". Desde então, vem tomando medidas para arrumar a casa ou as casas: desde o ano passado, alguns espaços públicos sob administração municipal vêm sendo reformados.
O Teatro Novelas Curitibanas foi o primeiro a ser entregue, no final de 2006, com reestruturação completa para torná-lo centro de excelência em artes cênicas. Este ano, o Solar do Barão inaugurou a sessão de reaberturas, no dia 17 de abril. Em breve, será a vez da Cinemateca, no dia 9 de maio.
A reforma das instalações físicas do Centro de Criatividade, no Parque São Lourenço, que inclui melhorias no Teatro Cleon Jacques, chega ao fim em agosto. Mas, os professores, alunos e artistas ainda terão que esperar por novos equipamentos. "Estamos aguardando a aprovação de duas emendas parlamentares para obtenção de recursos federais", diz Viapiana.
A Capela Santa Maria, há anos em reforma para abrigar a Camerata Antiqua de Curitiba, ainda não tem data certa para a tão esperada inauguração. "Os restauros estão prontos, mas faltam detalhes importantes como instalação de ar condicionado, poltronas, acesso a deficientes físicos e equipamentos cenotécnicos", diz Viapiana. A intenção é entregar o espaço a tempo para abrigar a Oficina de Música de Curitiba.
Outro projeto que aguarda destraves burocráticos de orçamento é o Solar dos Guimarães, anexo ao Conservatório de MPB, na Rua 13 de Maio. "A reforma vai dobrar a capacidade do Conservatório", diz o presidente da FCC.
Mas, o grande impasse parece ser o Espaço Cultural do Portão, que teve sua reestruturação adiada porque o Governo do Paraná interrompeu o recurso de cerca de R$1,1 milhão garantido pelo Fundo de Desenvolvimento Urbano. A revitalização do local que inclui o Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, a biblioteca, o cinema e espaço multieventos necessita de um investimento de R$ 3 milhões. "O projeto é um compromisso de campanha do prefeito. Até maio encontraremos uma equação para a questão", diz Viapiana.
Projetos como a criação de um espaço para apresentação de bandas de garagem, no TUC que fecha para reformas no segundo semestre deste ano , serão fomentados pela criação de oito editais inéditos. No caso, o Edital de Bandas de Garagem, ainda sem data de lançamento.
Ao todo, o Fundo Municipal de Curitiba prevê o lançamento de 18 editais até maio. Em 2006, foram lançados 15 editais e aprovados 194 projetos. A modalidade integra a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, juntamente com o Mecenato Subsidiado.
Viapiana explica que a contrapartida dos projetos aprovados sob a forma de workshops e oficinas oferece uma espécie de "pacote de serviços" à população. No entanto, são iniciativas com data certa para terminar. "A contrapartida contribui porque forma platéias e estimula as pessoas a se matricular em um dos 79 cursos oferecidos nas nove regionais da FCC", diz.
Na próxima segunda-feira, o Caderno G publica reportagem sobre as políticas da Secretaria de Estado da Cultura para 2007. Você pode deixar sua opinião no Fórum, no site http://rpc.com.br/gazetadopovo/cadernog
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