A foto ao lado mostra uma praça. Quem mora ou já teve oportunidade de conhecer Curitiba não terá dificuldade em reconhecer o lugar. É a Praça Garibaldi, localizada no Centro Histórico da cidade. Era chamada de Largo do Rosário, em função da Igreja do Rosário, para depois receber o nome de Largo Faria Sobrinho, no final do século 19. O "Garibaldi" surgiu para homenagear Giuseppe Garibaldi, o unificador da Itália e líder da República Juliana no Brasil (fundada em Santa Catarina durante a Revolução Farroupilha no século 19). Se o nome da praça mudou, o mesmo se passou com sua paisagem: boa parte das casas residenciais e comércios deu lugar a construções mais modernas. Há 11 anos, em 1995, ganhou a Fonte da Memória, a cabeça de cavalo feita em bronze pelo artista paranaense Ricardo Tod, morto ano passado em um acidente de trânsito.
Ainda assim, o espaço preserva identidade e parece familiar aos nossos olhos, cerca de cem anos depois que a foto acima foi tirada. "A especialidade dessa região mudou muito pouco do século 19 para cá", observa Maria Luiza Gonçalves Baracho, pesquisadora da Casa da Memória. Todas as mudanças sofridas pela paisagem, como a construção de novos edifícios, foram regidos por uma legislação rígida. É graças a ela que os contornos das ruas e espaços do centro de Curitiba continuam tão parecidos e reconhecíveis.
Essa é uma das reflexões propostas pela exposição fotográfica Centro Histórico: Espaços do Passado e do Presente, aberta na Casa Romário Martins, em Curitiba, desde o final de março. Uma série de fotografias do acervo da Casa da Memória, reproduzidas em grande escala, apresenta o que mudou e o que permaneceu na região central da cidade.
Marcelo Saldanha Sutil, organizador da mostra, ao lado de Ana Lúcia Ciffoni e Maria Luiza Gonçalves Baracho, explica que a intenção não foi retratar apenas o Setor Histórico, como também outros eixos próximos à região. "O Setor Histórico é aquela região do Largo da Ordem que é de preservação da prefeitura. A gente definiu que a exposição abrangeria todo o núcleo central mais antigo da cidade, até as ruas XV de Novembro e Barão do Rio Branco, e as praças Eufrásio Corrêia e Tiradentes. Por isso, demos o nome de Centro Histórico", elucida o pesquisador.
Além de mostrar a manutenção das linhas urbanas no Centro, as imagens de fachadas e detalhes de prédios apontam a progressiva diversificação dos estilos arquitetônicos. "Várias temporalidades estão presentes, desde o colonial, na Casa Romário Martins, passando pela Catedral e pelo casario da Rua XV diversas épocas acabam se misturando na paisagem", relata Sutil.
"A mostra está antenada com esses contrastes que a gente vê hoje na rua, entre diversos estilos arquitetônicos datados. A gente quer que as pessoas treinem o olhar para perceber essa passagem entre o passado e o presente", acrecenta Maria Luiza Gonçalves Baracho. Para tanto, além das fotografias, a mostra conta com textos explicativos e uma área especial destinada às crianças, em que é possível brincar com jogos de memória feitos a partir das fotografias de Curitiba.
A exposição chama atenção, ainda, para a importância da preservação de patrimônio, oferecendo explicações sobre dispositivos legais e técnicos para que "as pessoas possam cuidar melhor de seu patrimônio", segundo Baracho.
Serviço: Exposição Centro Histórico Espaços do Passado e do Presente. Casa Romário Martins (Largo da Ordem, 30), (41) 3321-3337. De terça a sexta-feira, das 9 às 12 horas e das 13 às 18 horas; sábados e domingos, das 9 às 14 horas. Até 6 de outubro.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Deixe sua opinião