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Alguma coisa foi surpreendente em fazer uma animação?

É tudo muito longo e devagar. Não sabia como uma animação profissional era feita, tive de aprender tudo. Acho que nem era completamente claro para mim o que um diretor faz numa animação. Então o codiretor Duke [Johnson] foi fundamental em todos os aspectos.

Qual foi o maior desafio?

Para mim, a ideia de que, numa animação, você precisa editar o filme. Fazer o filme e editar o filme antes de filmar, sabe? Porque você pega as vozes e coloca em desenhos mostrando as tomadas e sequências. Não tínhamos como fazer mais de uma tomada de nada. Normalmente, com meus filmes live action, eu demoro muito no processo de montagem. Descubro muita coisa na edição. Então fiquei aterrorizado de não ter essa opção. Em “Anomalisa”, demorava muito para ver algum progresso. Vem bem aos poucos, cenas demoram meses para ficarem prontas. Fiquei com medo.

Os personagens são bem comuns, não têm nada de extraordinário. O que você queria dizer com isso?

Sim. Queríamos que fosse gente comum. Que seus corpos fossem comuns. Que suas experiências fossem comuns. Para mim, o legal era que não há nada extraordinário em Lisa. Mas, quando você a conhece, existe algo de especial. Michael poderia ter se interessado por outra pessoa. Calhou de ser essa, por alguma razão. Por quê? Por que alguém acha outra pessoa interessante ou atraente? Existe uma arbitrariedade na minha cabeça que é importante para a história. Não queria que fosse: “Ah, ele se apaixona por Lisa por causa disso”. Ele se apaixona porque sim.

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