10% é a estimativa de aumento da arrecadação das empresas exibidoras no país após a alteração do dia das estreias dos filmes. Em alguns setores da economia, a quinta-feira já é considerada um "dia quente".
A Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas (Feneec) anunciou na sexta-feira passada, 21, que longas-metragens exibidos nos cinemas brasileiros passarão a entrar em cartaz às quintas-feiras, e não mais às sextas. A mudança entra em vigor no dia 13 de março, e visa a um incremento no faturamento tanto dos exibidores das empresas quanto das distribuidoras e produtoras de filmes.
Com a alteração, os preços praticados por boa parte do circuito exibidor nas quintas-feiras, em geral promocionais, passarão a ser os mesmos cobrados pelos ingressos nas sextas, sábados e domingos. Assim, só haverá bilhetes com descontos de segunda a quarta, embora cada empresa tenha autonomia para decidir quando e de que maneira essas promoções vão ocorrer.
Segundo Eduardo Vaz, sócio-diretor da rede Cinesystem, que tem sede no Paraná e conta com 106 salas, distribuídas em 18 multiplexes, espalhados em oito estados brasileiros, a mudança da data de estreia dos filmes poderá trazer um aumento de arrecadação de pelo menos 10% em relação ao cenário atual.
O presidente da Feneec, Paulo Lui, já havia dito semana passada, quando a alteração foi anunciada, que a quinta-feira já é, principalmente nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, um "dia quente" em vários setores do entretenimento, como bares, e casas de shows, mas é tradicionalmente considerado fraco para o cinema.
Prova disso é a Promoção do Beijo, criada pelo Cinesystem, dentro da qual casais, mas também pais e filhos, amigos e irmãos, que se beijarem na frente da bilheteria às quintas-feiras, pagam meia-entrada. Como a rede já foi até premiada pela iniciativa, dificilmente vai transferi-la para quarta-feira. Com ingressos 30% mais caros, vendidos a preços de fim de semana, o grupo vai acabar, da mesma forma, obtendo um faturamento maior, também estimado na casa dos 10%.
Nas quintas-feiras, a rede, que normalmente ocupa a sétima posição no ranking dos grupos exibidores, salta para o quarto lugar, tamanha a repercussão da iniciativa.
"Precipitado"
Segundo Miltinho Durski, proprietário da rede Cineplus, que conta com 16 salas em cinco complexos situados em bairros fora da região central de Curitiba e nas cidades de Campo Largo e Castro, a medida é precipitada, e deverá prejudicar, principalmente, exibidores locais e regionais como ele. "Já encontro dificuldades em agendar filmes para a sexta-feira, porque as distribuidoras dão sempre prioridades aos grandes multiplexes, e nos deixam à espera pelas cópias. Prevejo um caos, e não sei se isso vai dar certo."
Vaz, do Cinesystem, crê que, possivelmente, a mudança vá gerar alguma confusão nas primeiras semanas, porque toda a programação das salas deverá ficar pronta para divulgação na segunda-feira, e não mais na terça, como acontece hoje. Ele aposta, no entanto, em um saldo positivo.
A Feneec prevê que a alteração também deve desafogar as salas de cinema aos finais de semana, em geral muito cheias.
Havia mais de 20 anos que o Brasil seguia a tradição de estrear longas na sexta-feira, como é nos EUA. Outros países sul-americanos, como Argentina e Chile, já adotam a estratégia de lançamento às quintas.
Entre os filmes que deverão estrear nas próximas semanas, já na quinta-feira, estão o brasileiro Alemão, de José Eduardo Belmonte, previsto para entrar em cartaz no dia 13 de março, e Noé, do norte-americano Darren Aronofsky, previsto para 3 de abril.
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