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O Radiohead se consolidou entre os grandes nomes do rock com um trabalho marcado por mudanças de rumo – algumas delas bruscas e tidas como vanguarda no universo pop. Daí o falatório nos dias que antecederam o lançamento do nono disco do quinteto britânico, “A Moon Shaped Pool”, no último domingo (8). Os novos álbuns da banda costumam sair em meio a altas expectativas a respeito do que eles fizeram desta vez – alimentadas, a propósito, por estratégias de marketing também ousadas (desta vez, o acontecimento foi o sumiço de boa parte dos conteúdos da banda na internet ).

O espírito de “A Moon Shaped Pool”, no entanto, é mais de maturação e inspiração do que de desbravamento – como a banda já havia feito no festejado “In Rainbows”; mais de achados melódicos e boas ideias do que de hermetismo – em que pesem conceitos densos de letras que vão desde temáticas globais até angústias individuais.

Quem estiver familiarizado com trabalhos anteriores da banda deve encontrar paisagens sonoras que já percorreu antes – o que inclui canções que já estavam no repertório do grupo há anos, como “True Love Waits” (já lançada em uma versão ao vivo radicalmente diferente do arranjo de piano usado no novo disco). Vai reconhecer marcas melódicas e estilos de construção de arranjo de que já ouviu antes, como na balada de piano “Daydreaming” – lançada com um vídeo dirigido por Paul Thomas Anderson. A equação, porém, é outra.

Só os próximos trabalhos responderão se a banda deixou para trás a trilha da desconstrução. A recepção predominantemente positiva que “A Moon Shaped Pool” vem recebendo, no entanto, sugere que o Radiohead não precisa, necessariamente, reinventar a música a cada disco. Relembre a trajetória musical do grupo:

A Moon Shaped Pool

Disponível para download no iTunes (US$ 9,99) e Google Play (R$ 43,99) e via streaming na Apple Music e Tidal. Cópias em CD e vinil podem ser compradas em amoonshapedpool.com.

“Pablo Honey” (1993)

No álbum de estreia, lançado em 1993, o Radiohead apresentou principalmente influências roqueiras, identificadas com bandas como Pixies, R.E.M e U2.

“The Bends” (1995)

O segundo trabalho não trouxe ruptura estética em relação ao primeiro, mas apresentou um aprimoramento da banda. Em retrospecto, deu amostras de que o grupo tinha fôlego criativo para evoluir.

“OK Computer” (1997)

O primeiro disco mais assertivamente experimental do Radiohead captou de forma certeira o clima do fim da década de 1990 e apresentou uma capacidade singular da banda para criar texturas e paisagens sonoras.

“Kid A” (2000)

Depois da superexposição que a banda ganhou com “OK Computer”, os músicos mudaram radicalmente de direção, incorporando uma forte influência da música eletrônica com uma abordagem experimental e abandonando o que havia sobrado das guitarras no disco anterior.

“Amnesiac” (2001)

Menos radical na desconstrução da canção, foi lançado no ano seguinte, mas gravado junto com “Kid A”, trazendo o mesmo DNA do disco anterior.

“Hail To The Thief” (2003)

A banda voltou a colocar as guitarras à frente dos arranjos, incorporando as experimentações eletrônicas que fez nos trabalhos anteriores, produzindo uma sonoridade sombria, que sublinhou um certo tom político das canções.

“In Rainbows” (2007)

O sétimo álbum da banda chamou atenção, primeiro, pela forma de distribuição: era o primeiro disco do Radiohead fora de uma grande gravadora. O grupo decidiu disponibilizá-lo em um modelo “pague quanto quiser”. Assim como “A Moon Shaped Pool”, enfatizou a veia melódica das canções.

“King of Limbs” (2011)

Suas canções mais melódicas têm semelhanças com as faixas do novo trabalho, mas este disco também ficou marcado por uma estética fragmentada e hermética – resultado de um processo criativo que misturou conceitos da música eletrônica com linguagem de banda.

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