Programação
Confira o que está previsto para hoje na Galeria da Arte Reciclada:
16 horas
Abertura musical
16h30
Performance e histórias com Efigênia Rolim
17 horas
Recital de poesias de Efigênia Rolim
17h30
Apresentação das 3 Rainhas e convite ao público para colaborar com a "Árvore na Floresta"
Oficinas de reciclagem e de culinária com soja também serão oferecidas na Galeria a partir de segunda-feira (1º). Informações e inscrições pelo telefone (41) 3016-7494.
Por meio das mãos enrugadas de Efigênia Rolim, um manequim com óculos escuros vira a Rainha Sofia. Seu manto é ornado com papéis de ovos de chocolate e a coroa de plástico, meio torta, completam a indumentária real. Ao lado, um menino assustado com olhos de botão segura um carrinho. Apoiada na parede à frente, uma cobra de vinil descansa na bota de papel que assumiu como toca. Todas essas obras estarão em exposição e à venda a partir das 16 horas de hoje, quando a Galeria de Arte Reciclada As 3 Rainhas abre suas portas.
Rainha do Papel de Bala e personagem conhecida em Curitiba, Efigênia tem agora mais duas companheiras reais. Perpétua e Terezinha Rolim, duas de suas cinco filhas, se uniram à artista e poeta para fazer com que todo o acervo ficasse à disposição do público.
"Ah, meu filho, as pessoas encontravam dificuldade para ver o meu trabalho. Era difícil encostar o carro lá", diz Efigênia, ao mesmo tempo em que adorna a Rainha Sofia com um pássaro de papel de biscoito que acabou de nascer de suas mãos. "Lá" é a Vila Autódromo, em Pinhais. A residência da artista de 78 anos também virou uma espécie de museu. Mas pouco visitado devido à distância e à dificuldade em se chegar ao local.
Foi então que, há dois meses, a filha Perpétua resolveu espremer seu ateliê de costura para os fundos da casa e ceder três cômodos inteiros para as 300 peças em exposição. "Montamos a galeria na força e na raça mesmo porque não temos dinheiro. Foi o esforço das minhas Rainhas", diz sorrindo Efigênia: em sua cabeça, as filhas ganham sangue azul e viram Florença e Floripe.
As peças expostas são de todas as épocas. Há obras mais antigas "se vender, aí eu choro", resigna-se Efigênia ao "recém-nascido" Schemilik, um cavalinho feito com embalagem de suco que serve de montaria a um Papai Noel. Os preços variam de R$ 20 a R$ 120. Só uma das obras não tem preço: a girafa Tibúrcia.
"Se você tem uma moedinha, queira dela se livrar. Bota aqui nessa latinha que Deus vai te abençoar." Essas eram as rimas que a Rainha cantava nas ruas de Curitiba no começo da década de 1990, quando a girafa Tibúrcia, feita de resto de cintos de couro, era a companheira de mendicância.
Todas as obras foram catalogadas, fotografadas e vêm com um pequeno livro, em que trazem a sua própria história. "Elas têm de continuar", alerta Efigênia.
Outra grande obra já está em processo de produção, mas só deve ficar pronta no dia 21 de setembro. A data marca o Dia da Árvore e o aniversário da artista. A partir de hoje, o público visitante será convidado a preencher com 21 mil papéis de bala uma árvore feita de luminárias quebradas, pedaços de PVC, sacolas plásticas, pano e couro.
A artista que nasceu na Vila de Granada, distrito de Abre Campo, município de Santo Antônio de Matipó, em Minas Gerais, já foi cortadora de cana e diz nunca ter tido tempo de contar histórias para suas filhas. Hoje, exibe tranças de Rapunzel e, mesmo prejudicada por uma catarata no olho direito, molha os olhos com suas próprias conquistas e criações.
"Não tenho como me defender da minha arte. É a mesma coisa com a gestante. Estou grávida e não posso me defender do filho que está dentro de mim. Tem que sair. "
Serviço
Galeria de Arte Reciclada As 3 Rainhas. R. Padre Anchieta, 64, (41) 3016-7494. Hoje, a partir das 16 horas.
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