Levar a literatura ao Bairro Novo, a dança para o Boqueirão e o teatro à Cidade Industrial são os objetivos da seleção de projetos que a Fundação Cultural de Curitiba está fazendo, dentro de uma iniciativa que leva o nome de Artes na Cidade. O outro propósito é fazer exatamente o caminho contrário: oferecer o hip-hop, a aerografia e o artesanato aos curitibanos do Centro. Para que essa idéia saia do papel, o edital divulgado pela prefeitura anuncia um investimento de R$ 247 mil.

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O Artes na Cidade integra um pacote de incentivos previstos pelo município com o objetivo de que a arte produzida em Curitiba circule pelas nove regionais nas quais a capital está dividida: Matriz, Cidade Industrial, Bairro Novo, Boa Vista, Santa Felicidade, Boqueirão, Portão, Pinheirinho e Fazendinha. Em 2005, já houve seleção específica de projetos de música, que foram aos bairros, e de teatro, atualmente em fase de apresentações. Para os próximos dias, estão para ser divulgados os editais de vídeo e de literatura.

"É um equívoco pensar que o edital é voltado apenas para os moradores da periferia de Curitiba", afirma Beto Lanza, diretor de Ação Cultural da Fundação Cultural de Curitiba. Segundo ele, seria uma versão reducionista do projeto dizer que serve para dar acesso à cultura para quem mora fora do Centro, ou para quem não tem dinheiro para freqüentar os eventos tradicionalmente realizados em áreas mais abastadas. "O edital é pensado para que toda a cidade produza e usufrua arte", afirma.

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Descentralização

Segundo Lanza, a tentativa é de ampliar a variedade de projetos normalmente aceitos nesse tipo de seleção. "Vamos escolher peças de teatro, espetáculos de dança, como sempre se faz", conta ele. "Mas queremos também abrir espaço aos grupos que supomos existir nos bairros da cidade, seja nessas modalidades mais tradicionais, seja em artes emergentes, como o hip-hop", diz Lanza. Por isso, a fundação está tentando divulgar o edital também nos bairros. Até 25 de novembro, quando terminam as inscrições, a prefeitura pretende ter dado chance para que os grupos de bairro tenham aprendido como preencher os requisitos necessários para o concurso.

O edital prevê seleção de projetos em sete áreas diferentes. Seis são as convencionais: teatro, circo, música, dança, literatura e artes visuais. Cada uma dessas modalidades terá três projetos escolhidos. A sétima seção, com seis projetos, engloba folclore, artesanato e manifestações culturais tradicionais. O documento prevê que se encaixem nesse item desde folguedos até capoeira, passando pelo hip-hop e pela aerografia .

Os projetos selecionados deverão, de preferência, passar por todas as regionais. Por isso, estão previstas nove apresentações de cada grupo vencedor. No entanto, há a possibilidade de que alguma proposta não seja viável em todas as áreas da cidade – uma peça que exija um palco maior do que o disponível, por exemplo. Nesse caso, existe a chance de fazer mais sessões onde for viável e cancelar a ida a algum grupo de bairros. "Mas o ideal é fazer a circulação por toda a cidade", diz Lanza.

Os interessados devem ler o regulamento do edital pela internet, no site www.fccdigital.com.br. As instruções estão dentro do link Lei de Incentivo, com o nome Artes na Cidade. A seleção dos vencedores será feita por integrantes da Comissão da Lei de Incentivo à Cultura, formada por representantes das classes artísticas da cidade.

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