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"Se você não é um dos garotos do hardcore, você vai morrer". A frase, tirada de um antigo manual de etiqueta em shows de rock que circula pelo Youtube, resume a brutalidade da plateia ao ouvir as guitarras rápidas do quinteto californiano Suicidal Tendencies, que passou por Curitiba com sua turnê sul-americana na última sexta-feira, 30. Rodas violentas e gigantescas de pogo e eventuais crowd surfers deixaram o pequeno ambiente do Espaço Cult 0% familiar.

A empolgação tinha razão de ser: a banda não passava pela cidade há um bom tempo e o circuito de atrações internacionais de hardcore andou um pouco mais devagar do que de costume nesse ano. Os fãs estavam sedentos e não desapontaram, clamando em coro pela banda e cantando todas as canções – tanto os clássicos que não faltaram, como "Cyco Vision", "Possessed to Skate" e "War Inside My Head", quanto as músicas do novo álbum, 13, lançado em março deste ano.

No palco, porém, o espetáculo ficou um pouco a desejar. Além da qualidade ruim do som – que tem sido a regra nas atrações internacionais menores em Curitiba – a banda mostrou muito pouco carisma e traquejo com o público. A introdução da música de abertura, "You Can’t Bring Me Down", que guarda em si todo o virtuosismo do ex-guitarrista Rocky George, foi vergonhosamente tocada num sample desconcertante. Os solos mais longos e técnicos foram substituídos por versões simplistas que não condizem à altura do crossover criado pela banda, e Mike Muir, o Cyco Miko, vocalista e último integrante remanescente da formação original, apesar da grande vitalidade de seus 50 anos, praticamente não interagiu com o público. A banda deixou o palco sem maiores despedidas e quem esperava por um bis se frustrou.

Apesar dos problemas, a noite, que era praticamente um pequeno festival, com duas bandas de abertura e uma de encerramento, foi um marco na vida dos carentes fãs de hardcore da cidade. Perguntados se estavam gostando do show, muitos simplesmente sorriam e repetiam, como quem não acredita estar presenciando uma lenda viva do gênero: "Suicidal, cara, Suicidal".

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