Personagem
Saiba um pouco mais sobre Olivier Durand:
Quem é?
O produtor nasceu e vive em Paris. Durante a década de 1990, foi promotor chefe de grandes gravadoras, como a Universal Music. Na época, ajudou a produzir trabalhos de artistas como Portishead e U2.
No início dos anos 2000, passou a se dedicar a revelar novos talentos na música e também do cinema, design, fotografia, teatro e dança.
Em 2003, ele criou a gravadora Nacopajaz Records, que faz direção artística, produção, gestão de catálogo e assessoria para artistas independentes.
Por este selo, Durand lançou trabalhos de artistas brasileiros, como Hurtmold (São Paulo) e Os The Darma Lóvers (Porto Alegre), entre outros.
Neste ano, o produtor criou o braço Novo Mundo em sua gravadora, um selo especializado em "favorecer e desenvolver as trocas culturais com novos criadores brasileiros".
5 euros é o preço do disco Calada, do curitibano Caio Marques, distribuído pelo selo Novo Mundo no mercado europeu.
Áudio
Escute faixas do disco Calada, de Caio Marques, no site do selo Novo Mundo em http://novomundo-france.bandcamp.com/merch
O produtor musical francês Olivier Durand nasceu e cresceu em Paris, mas há alguns anos passa temporadas no sul da França.
Da experiência na região mais descolada de seu país, e onde estão os terroirs de alguns dos grandes vinhos do mundo, ele assimilou a lição de que é preciso conhecer o terreno antes de saber até que ponto é possível semeá-lo.
Foi isso o que Olivier mais fez na última semana, durante sua visita a Curitiba. O francês voltará para casa, no fim da semana, com a mala cheia de informações sobre a cultura local e toneladas de arquivos e contatos de bandas da cena independente curitibana.
Com experiência de décadas no mercado musical francês, Olivier criou no ano passado o selo Novo Mundo, um braço de sua gravadora que hoje foca na ideia de apresentar à Europa o material produzido em Curitiba.
Planos
O primeiro trabalho foi o disco Calada, de Caio Marques, lançado no Velho Continente no ano passado. Mas Olivier tem outros planos para a cidade. "O próximo passo é produzir uma coletânea com as bandas independentes daqui, coisas novas, e apresentar a cidade. Algo como Curitiba Rocks", projeta.
"Também quero fazer um trabalho de cidade para cidade. Me pareceu que Curitiba tem uma semelhança cultural com Lyon e nós gostaríamos de fazer uma integração", completa.
Conexão
Para Olivier, esta conexão se daria não apenas na música, mas nas "artes em geral". "A música só abre o caminho. Queremos dar uma ideia de Brasil que está crescendo e, em certos pontos, é muito mais moderno que a Europa", diz.
Segundo o produtor, a crise econômica na Europa nos últimos anos adiou a ideia inicial do selo: produzir discos e promover turnês dos artistas curitibanos na França e países vizinhos.
"A ideia mudou um pouco. A Novo Mundo quer fazer não apenas a distribuição comercial do álbum, mas a ponte desta cena emergente com o mercado da Europa", afirma.
Ele garante que, apesar das dificuldades atuais do mercado, o trabalho tem tido "boa repercussão". "Ninguém estava fazendo esse tipo de coisa por lá", avalia.
Por que Curitiba?
A escolha de Curitiba como cidade alvo de seu projeto passa pelas "maravilhas" da comunicação digital. Depois de trabalhar com bandas de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, Olivier percebeu uma unidade peculiar entre os sons que garimpava na internet para o programa de rádio que apresenta em Paris.
"Cavando na rede cheguei ao som do Caio Marques. Fizemos contato digital. Fiquei muito interessado no jeito em que ele mistura um estilo clássico de compor canções com elementos de música eletrônica. E pelas letras, mesmo não entendendo tão bem o português, deu para perceber que ele era um cara legal de Curitiba", conta.
Olivier então notou que muitas das bandas de que mais gostava eram de Curitiba. "Aqui talvez tenha um pouco mais de rock, alguma coisa mais dark, uma certa tristeza como ruído/mm", cita. "Há também boa música pop, como Copacabana Club e o Bonde do Rolê, que vão para outro lado", compara.
Atmosfera
Seu trabalho agora, explica, é tentar traduzir "a atmosfera, o signo de Curitiba, o que ela tem de diferente" do resto do país.
"Eu acho que é importante tentar traduzir a verdade desses novos artistas misturando sonoridades e fugindo um pouco da imagem clichê que se possa ter do Brasil."