
A incursão da galerista Tuca Nissel e da artista plástica Débora Santiago pela pátria de Picasso foi próspera. As duas curitibanas estiveram na Espanha entre 15 e 19 de fevereiro para participar da 26.ª ARCO Feira de Arte Contemporânea de Madri, animadas com a oportunidade de serem vistas e notadas por quem faz a diferença na cena das artes artistas, curadores e colecionadores internacionais que movimentam o mercado e enobrecem currículos, um mundo de possibilidades poucas vezes encontradas em território nacional. As curitibanas não se decepcionaram.
O grande momento da viagem foi a visita do arquiteto inglês Norman Foster e de sua mulher Elena ao estande da galeria Ybakatu Espaço de Arte.
Reconhecidos colecionadores de arte, os ilustres visitantes especialmente ela encantaram-se por uma instalação da artista em pouco mais de dez minutos de observação. "Foi bem rápido", conta Débora. A instalação foi comprada para a casa do casal na Suíça. "São pessoas importantes que não tiveram dúvidas em relação à obra. Não me conheciam e não conheciam a galeria. Isso quer dizer que o meu trabalho despertou a atenção acima de tudo", comenta satisfeita.
O objeto de encanto foi a instalação "Móbile de Globos". A peça é parte de um projeto desenvolvido por Débora desde 2005, em que a artista cria os móbiles de globos de espelhos de acordo com a arquitetura, a dimensão e a incidência de luz do espaço que ocuparão. Débora já havia apresentado alguns desses móbiles em uma exposição individual na Ybakatu, sob luz natural, e no Salão Paranaense de 2005, sob luz do sol rebatida. Na feira madrilena, foi necessário recorrer à iluminação dicróica (artificial).
O processo de criação da artista plástica é contínuo. Os móbiles mantêm relação estreita, por exemplo, com os desenhos circulares feitos na parede com tinta prateada que a artista também expôs na feira. O que a motiva "é a idéia de circulação tanto pela forma circular quanto pela circulação do público em torno da obra, a circulação da água e do ar na natureza e no próprio corpo humano". Débora explica que o próprio móbile é um objeto em movimento, já que "a projeção da luz que pára no anteparo está se movendo".
A participação da artista foi um convite de Tuca Nissel, dona da Ybakatu. A galerista tentava há algum tempo ter um projeto aprovado pela curadoria da feira, que não seleciona artistas, mas galerias. Em 2007 o intento tornou-se possível por intermédio de Ricardo Resende, diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Ceará e um dos curadores brasileiros da ARCO 2007. Foi ele quem selecionou a Ybakatu para a seção "Proyectos". "A feira é dividida em três programas, o geral, o "Black Box" (voltado para vídeos) e o "Proyectos", que é um espaço menor, de 30 m·, com novas tendências", comenta Débora. Na seção, a artista exibia ainda dois vídeos que foram comprados pela Fundação ARCO.
"A Débora teve uma participação muito expressiva, vendeu vários trabalhos, fez contatos para exposições futuras não poderia ter sido melhor. É o reconhecimento do trabalho da galeria e da própria artista, que já é reconhecida nacionalmente e agora internacionalmente", analisa Moacir dos Anjos, curador da ARCO para o próximo ano, quando o Brasil será o país convidado (leia quadro).
Tuca conta que há tempo buscava o intercâmbio internacional dos artistas da galeria para divulgar a arte brasileira no exterior e em busca de uma realidade comercial diferenciada. "Eles convidam os colecionadores e as instituições fazem aquisições de obras para o acervo, o que não ocorre por aqui", comenta a galerista. Débora ecoa: "É tudo muito profissional, desde a montagem do estande, à segurança e ao transporte das obras. Os colecionadores visitam os ateliês ou contratam profissionais que organizam a coleção, conhecem o perfil e fotografam as obras para eles. Por aqui não há nada parecido", lamenta.



