Ao coincidir com o centenário de Noel Rosa, em 2010, a comemoração dos 20 anos da parceria entre Gilson Peranzzetta e Mauro Senise rendeu ao sambista da Vila Isabel uma homenagem das mais sofisticadas. O show 100 Anos de Noel Rosa, gravado em outubro de 2010 e lançado recentemente em CD e DVD pela gravadora Biscoito Fino, traz 14 canções da obra de Noel revisitadas pelos arranjos e piano de Peranzzetta e os saxofones e flautas de Senise uma das parcerias mais bem-sucedidas da música instrumental brasileira.
"Começou num projeto de duos inéditos. Sempre nos esbarrávamos em estúdios, mas nunca tínhamos tocado juntos. Ligaram para o Mauro, ele me sugeriu e marcamos um ensaio, que agora já dura 20 anos", diz Peranzzetta, que lançou outros dois discos comemorativos com Senise em 2010: Melodia Sentimental, em que gravaram, com a harpista Silvia Braga, um repertório que vai de Bach ao próprio Peranzzetta, e Linha de Passe, com versões para clássicos da MPB.
Em 100 Anos de Noel Rosa, os músicos convidaram o contrabaixista Zeca Assumpção, o percussionista Amoy Ribas, o quarteto de cordas Bessler e, apesar de ser um trabalho predominantemente instrumental, a cantora Alaíde Costa de acordo com Senise, para mostrar o lado cronista das letras de Noel Rosa nas canções "Cor de Cinza", "Último Desejo", "Quando o Samba Acabou" e "Feitio de Oração". "Convidamos o quarteto de cordas para ficar chique, elegante, já que o Gilson escreve os arranjos muito bem", diz o músico, para quem o resultado final ficou bom, principalmente, por conta da rica obra de Noel. "É como um ator ter um belo texto para falar. Isso motiva a tocar bem", diz o flautista e saxofonista.
Matéria-prima
A responsabilidade de interpretar as melodias fica por conta de Senise, que completa 40 anos de carreira em 2011 assim como Peranzzetta, com um currículo que inclui participações em trabalhos de grandes nomes da música brasileira, como Egberto Gismonti e Wagner Tiso. "É um desafio que eu assumo sem nenhum nervosismo. Mas a matéria-prima é tão boa que tenho que tomar cuidado para não estragar a original", brinca o músico, que diz estar cada vez mais íntimo das melodias e mais livre para improvisar.
Peranzzetta, que já gravou mais de 40 discos em sua carreira, além de participações como arranjador, compositor, produtor e instrumentista em trabalhos de músicos como Ivan Lins, Hermeto Pascoal e Edu Lobo, também elogia a obra de Noel. Ele explica que, apesar de conhecer desde criança as músicas do sambista, só percebeu a força das composições ao criar os arranjos para o show. "Fui vendo que o cara era sensacional. A harmonia, os encadeamentos, as melodias. Noel era um compositor perfeito", diz Peranzzetta, que vem apresentando o repertório do sambista ao lado de Senise nos shows mais recentes. "Essa memória não pode se perder. Essa era a grande preocupação: homenagear os cem anos e manter viva a obra".
Serviço:
100 Anos de Noel Rosa, de Gilson Peranzzetta e Mauro Senise. Biscoito Fino. R$ 42,90 (DVD) e R$ 34,90 (CD). GGG1/2
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Deixe sua opinião