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Grupos locais | Divulgação
Grupos locais| Foto: Divulgação

Já retratado no cinema em O Que É Isso, Companheiro?, filme de Bruno Barreto baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira, o emblemático episódio do seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick pela luta armada brasileira, em 1969, também é tema do documentário Hércules 56, de Silvio Da-Rin, que estréia nesta sexta (29) em Curitiba.

Os fatos ligados ao período da ditadura militar têm sido recorrentes na cinematografia brasileira recente, com diversos títulos lançados. O que diferencia o trabalho de Da-Rin é que ele busca não tratar os conflitos dessa fase da história brasileira de maneira superficial ou romantizada. O foco do documentário são os 15 presos políticos que foram trocados pelo embaixador e aqueles que arquitetaram todo o seqüestro e realizaram as negociações de libertação com os militares brasileiros.

Hércules 56 era o modelo e o prefixo do avião da FAB que levou os revolucionários libertados ao exílio no México – José Dirceu, Agonalto Pacheco, Flávio Tavares, José Ibrahin, Maria Augusta Carneiro Ribeiro, Mario Zanconato, Ricardo Vilas, Ricardo Zarattini e Vladimir Palmeira, que estão vivos e dão seus depoimentos sobre o episódio, separadamente; e Luís Travassos, Onofre Pinto, Rolando Frati, João Leonardo Rocha, Ivens Marchetti e Gregório Bezerra, que estão mortos e aparecem em imagens de arquivo.

O filme reúne, em uma mesa de bar, os líderes da DI-GB (Dissidência da Guanabara), futuro MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) – Franklin Martins, o atual secretário da Comunicação Social (com status de ministro) do governo Lula, Cláudio Torres e Daniel Aarão Reis – e os únicos integrantes vivos da ALN (Ação Libertadora Nacional) – Manoel Cyrillo e Paulo de Tarso Venceslau –, grupos que realizaram a operação de captura de Elbrick.

O bate-papo – às vezes descontraído, em outros momentos tenso – entre os ex-guerrilheiros é a melhor parte do documentário. Na maioria das vezes, o grupo se mostra equilibrado, analisando os fatos com o distanciamento necessário do tempo, colocando-os no contexto histórico do país e de suas próprias vidas, revelando os erros e acertos que tiveram no episódio e enquanto militavam na luta armada.

Por seu lado, os passageiros do Hércules 56 falam do exílio no México, do período seguinte em Cuba, onde foram recebidos como heróis. Eles também analisam sua vida como ativistas políticos: alguns deixaram logo os grupos dos quais participavam, outros passaram ainda muitos anos na clandestinidade, como o deputado cassado José Dirceu – talvez um dos depoimentos mais curiosos para o espectador atualmente, por seu conturbado momento político atual.

Da-rin consegue trabalhar muito bem com o batido tema do período ditatorial brasileiro, destacando a reflexão e o debate de quem foi protagonista de um momento crucial da história do país. GGG1/2

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