Se, por um lado, o Paraná tem uma das poucas escolas de dança públicas do país, onde pianistas tocam as músicas para os alunos ensaiarem, no lugar de simplesmente ligarem um CD, o Balé Guaíra não atende a novas demandas, como o fenômeno dos adultos que querem "voltar ao balé" ou "começar a dançar".
SLIDESHOW: Fotos da Escola de Balé do Guaíra
Esse contraste, somado ao fato de a escola ocupar, há 12 anos, um gelado e mofado prédio antigo com vários problemas estruturais e de não poder contratar uma única alma há 15 anos, levou a direção a propor uma ampla reformulação, que deve trazer mudanças já para as turmas do ano que vem.
A questão mais visível será a realocação. Com rachaduras nas paredes, placas caindo do teto e um vento encanado que gela qualquer meia-calça, é ponto pacífico que a escola não pode mais ocupar o atual endereço, um prédio na rua Dario Lopes dos Santos, no bairro Jardim Botânico, onde o aluguel consome R$ 8 mil mensais. Em dois dos cinco estúdios, pilares de concreto estão localizados exatamente no meio da área de dança.
De acordo com a Secretaria de Estado da Cultura, dois ou três imóveis públicos estão sendo sondados para receber os bailarinos. "Será menor, mas terá um estúdio decente", promete a diretora do Centro Cultural Teatro Guaíra, Mônica Rischbieter, que garante ainda: "A escola nunca perdeu qualidade, mesmo naquele lugar horrível."
Beatriz Sarnowski, de 15 anos, que entrou com 6 na escola, atribui seu ponto forte, a concentração, à qualidade dos professores do Guaíra. "O que precisa melhorar é a estrutura, que é meio complicada."
Para quem ainda sonha em entrar para a escola, a principal mudança será o tempo de formação. O curso livre, hoje com 130 alunos, dura 8 anos. Uma das propostas é reduzir esse período pela metade.
O curso técnico, que dura três anos e só pode ser feito por pessoas com ensino médio em andamento ou finalizado, também deve cair para um ano e meio em 2012, já não foram abertas novas turmas.
Iniciação
As aulas para crianças terão a maior mudança. "Recebemos a solicitação de atender mais pessoas e flexibilizar os anos de iniciação", explica a diretora da escola, Sylvia Massuchin.
A ideia é oferecer oficinas temáticas de dança para crianças, jovens e adultos. Se antes as crianças entravam com 5 a 7 anos em cursos anuais, agora fariam curtos períodos de contato com a dança, que poderiam ser repetidos sequencialmente. "Para ficar tem que dizer quero mesmo ser bailarina ou dar aula. E quem quer experimentar ou brincar de dança terá espaço para isso", explica Mônica.
Outra possibilidade é ensinar outras práticas técnicas, como a iluminação cênica reformulações que estão sendo acompanhadas pela equipe de professores e duas consultoras contratadas.
Cuidados
Em meio a profissionais de dança, o "vazamento" da notícia sobre a reestruturação da Escola do Balé Guaíra causou alvoroço.
"É preciso ter cuidado com a formação para não descaracterizar a escola, e sim atualizar e incrementar com novos conceitos", sugere Eleonora Greca, que estudou 8 anos no Guaíra e foi por 30 anos sua primeira bailarina.
A diretora Sylvia concorda. "Se eu fosse dar aulas hoje seria totalmente diferente da forma como eu aprendi."
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