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O filme Ó Paí, Ó, de Monique Gardenberg, definitivamente não caiu no gosto dos sulistas. Em cartaz por duas semanas em Curitiba, o filme foi assistido por 2,5 mil espectadores, apesar do filme ter tido, até o momento, uma bilheteria total de quase 400 mil – número significativo para o cinema nacional. Segundo dados do Boletim Filme B, o filme de Gardenberg se encontra atrás apenas de A Grande Família, de Maurício Farias, Xuxa Gêmeas, de Jorge Fernando, e da animação Turma da Mônica, de Maurício de Sousa (e na frente de O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias e Caixa 2).

O mau desempenho do filme no sul do país – somando os três estados a bilheteria não chega a 5 mil – levantou algumas polêmicas na internet. O boletim virtual Almanakito, coordenado pela jornalista Maria do Rosário Caetano, colocou em pauta a discussão de uma possível rejeição dos sulistas a filmes com elenco negro e temática violenta. Em Ó Paí, Ó, a trama gira em torno dos moradores de um cortiço no pelourinho em pleno carnaval. Velhas polêmicas, como o descaso (ou não) dos críticos gaúchos com o cinema de Glauber Rocha (baiano, assim como a diretora de Ó Paí, Ó) foram ressuscitadas.

A professora e pesquisadora gaúcha Fatimarlei Lunardelli, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, discorda e aponta a recepção dos filmes como um processo cultural dinâmico, no qual cada região se manifesta a partir do seu imaginário e dos processos identitários particulares. "Que Ó Paí, Ó tenha sido um sucesso na Bahia me parece evidente, eu nem esperaria outra resposta do público, em virtude do conteúdo, exaltatório dos traços mais evidentes da identidade cultural baiana, apesar da brutalidade do desfecho da história", afirma a pesquisadora, que lembra também que os únicos filmes brasileiros que costumam cobrir todo o território nacional são os que geram uma identificação com o padrão Globo. Mas, às vezes, nem esses. O filme Antônia, de Tata Amaral, baseado na minissérie do mesmo nome, atingiu 80 mil espectadores, desempenho tímido para um sucesso da televisão. Fracasso no Sul, mas também no resto do país.

Vale lembrar que assim como em Ó Paí, Ó, a trama de Antônia inclui violência, pobreza e machismo. Temáticas rejeitadas pelo público, que busca apenas entretenimento? O que dizer, então, do sucesso de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, outro longa com a violência em pauta? Longe de ser conclusiva, a polêmica coloca o cinema brasileiro e as preferências da classe média – responsável pela maior parte dos ingressos vendidos – novamente no centro da discussão.

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