Lúcia vive Mariah, mãe que Paloma (Paolla Oliveira) desconhecia na trama familiar de Amor à Vida| Foto: Pedro Serápio/ Gazeta do Povo

Desde que começou a trabalhar na televisão, em 1980, Lúcia Veríssimo não parou mais. Durante 20 anos ininterruptos, ela conta, dedicou todo o seu tempo à teledramaturgia e esteve presente em inúmeras produções. Há alguns anos, no entanto, resolveu que era hora de voltar a pôr os pés no teatro, "a essência do ator".

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"Sempre fui radical, eu andava saltitando e não andando e, quando [novela da TV Globo] América (2005) acabou, resolvi investir na minha peça, Usufruto", lembra.

Por conta dos ensaios e da produção do espetáculo, com texto de sua autoria e direção de José Possi Neto, a atriz se mudou para São Paulo, um lugar no qual não havia pensado em morar. Rapidamente se adaptou ao ritmo da cidade e resolveu ficar. Em 2011, viveu a guerrilheira Jandira em Amor e Revolução, do SBT, por achar que a novela tratava de um tema relevante para a história brasileira, a ditadura militar.

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Força

Essa mesma vontade de estar em cena voltou com força quando recebeu um convite de Wolf Maya para uma participação em Amor à Vida, trama das 21 horas da TV Globo. Lúcia entra no capítulo da próxima sexta-feira como Mariah, mãe biológica de Paloma (Paolla Oliveira). Misteriosa, a personagem guarda segredos.

"Ela está numa cadeira de rodas e viaja para Alemanha para colocar uma prótese. Não sei se volta com mais segredos e não sei se fico até o fim", explica Lúcia.

Para a atriz, a novela de Walcyr Carrasco "diz coisas interessantíssimas em um momento particular do Brasil". Entre outras, ela pontua a hipocrisia de César (Antônio Fagundes) e de Félix (Mateus Solano), e a a naturalidade com a qual o autor trata o casal homossexual formado por Niko (Thiago Fragoso) e Erom ( Mar­­­­cello Antony).

"É bom que se assista com essa visão política. Ninguém é extremamente bom ou ruim, os personagens são incrivelmente colocados. Walcyr retrata o que vivemos", elogia a atriz, uma das fundadoras do Partido Verde (PV).

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Aos 55 anos, Lúcia é cheia de convicções. É vegetariana há 32 anos. Há um ano, resolveu se tornar vegana – não come alimentos derivados de fonte animal. Mas diz que enfrenta dificuldade em manter a dieta restritiva.

"Descobri que ser vegana é muito radical para quem viaja pelo país com uma peça. Em São Paulo, até há opções, mas tenho andado com uma mala de comida. É complicado."

Boa forma

À alimentação saudável ela atribui a boa forma. Já a pele "ótima", aprendeu a cuidar depois de um conselho precioso do cineasta Walter Hugo Khouri no início de sua carreira.

"Eu vivia torrando na praia, e ele me disse que o rosto de uma atriz é como uma tela em branco, não pode ter marcas. Desde então, não saio de casa sem bloqueador."

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A atriz diz que a maturidade – somada a 38 anos de análise – a transformou numa mulher mais tranquila, mais segura e menos ansiosa. O "gênio de cão" foi amansado e a forma de se relacionar com os outros – inclusive afetivamente – mudou, ela revela.

"Eu era uma mulher que tinha milhões de pessoas ao mesmo tempo, era uma loucura. Agora vivo uma relação de cada vez. Adorei essa história de me reinventar e descobrir que a fidelidade é algo genial, principalmente quando você é fiel a você mesmo", filosofa Lúcia, que tenta unir o que acha pertinente em várias religiões e é estudante da teosofia – estudo que sintetiza filosofia, religião e ciência.