O fato de Cate Blanchett ter achado "muito assustador" seu papel mais recente não é surpresa: ela fez o papel de Bob Dylan.
A escolha incomum da atriz foi feita pelo diretor americano Todd Haynes, cujo filme "I'm Not There" é um retrato complexo do cantor e compositor, usando seis atores para representar Dylan, incluindo a australiana Blanchett, um jovem ator negro e Richard Gere.
A cinebiografia, que integra a competição principal no Festival de Cinema de Veneza, onde faz sua estréia mundial na terça-feira, procura evitar reduzir Dylan a um tipo facilmente definível e indica como é difícil classificar o músico, um eterno camaleão.
"Cate ficou assustada. Ela me disse várias vezes que esse era um desafio assustador para ela", disse Haynes a jornalistas após a exibição do filme para a imprensa. Blanchett, 38 anos, não estava presente.
A atriz, que recebeu um Oscar pelo papel de Katherine Hepburn em "O Aviador", faz Dylan num momento quando ele chocou seus fãs folk ao aderir ao rock amplificado e teve dificuldades com a mídia, que queria defini-lo como cantor de canções de protesto folk.
Em suas sequências em preto e branco, Blanchett está com os cabelos escuros frisados e adota alguns dos maneirismos de Dylan, embora não se pretenda que ela imite diretamente o cantor.
Dylan aprovou
Haynes disse que, devido à natureza livre de "I'm Not There", o filme foi o primeiro retrato dramático da vida de Dylan aprovado pelo compositor.
"Acho que foi por sua estrutura aberta, algo que vai continuar a ampliar quem ele é e o que ele faz, e não o reduz, que é a tendência da cinebiografia tradicional."
Também representam Dylan o veterano Richard Gere, o jovem ator negro Marcus Carl Franklin, Christian Bale, Heath Ledger e Ben Whishaw.
Imagens em preto e branco em estilo antigo se misturam com sequências coloridas no caso de Gere e Ledger, e também com imagens reais de protestos nos EUA nos anos 1960 e cenas da guerra do Vietnã.
A faixa relativamente pouco conhecida "I'm Not There", de Dylan, formou o título para retratar um cantor que se afastou da vida pública nos anos 1960.
"Dylan estava vivendo num mundo em que cada passo que dava era monitorado, discutido, debatido", explicou Haynes.
"Então ele sofreu um acidente de moto ... e foi viver em Woodstock, desapareceu, teve uma família, foi para o porão, gravou toda sua música misteriosa com a The Band e basicamente, de maneira estranha, quase nunca reapareceu."
"Ele nunca mais voltou a ser centro das atenções."
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