Grupos já premiados pelo 30º Festival de Dança de Joinville, que acontece na cidade catarinense até o dia 28, revelam duas tendências. A primeira é a revalorização da cultura brasileira, presente em coreografias como "Maracatu", "Caboclinhos" e "Dança do Bambu". A outra é que alunos de projeto social podem concorrer e vencer ao lado de academias particulares.
Um nome está por trás das duas novidades. A coreógrafa e professora Elisiane Wiggers, detentora de um daqueles cabelos longos, escorridos e branquinhos do Sul do país, acabou se apaixonando pela cultura nordestina. Mais especificamente, pelas danças populares do Pernambuco, que ela considera um celeiro do folclore nacional. Após pesquisar o assunto, ela criou dois espetáculos com adolescentes joinvilenses, que desenvolveu em tipos diferentes de escola.
"Maracatu" foi ensaiada durante todo o semestre com alunos de 13 e 14 anos do projeto Dançando na Escola, destinado a fornecer uma opção de contraturno a jovens do ensino municipal.
Com cabeleiras azuis e vermelhas, o primeiro time entrou no palco do Centreventos no sábado à noite ao ritmo dos tambores (infelizmente, em playback, como todo o acompanhamento do festival) enxergando muito pouco, mas mantendo viva a tradição dos "caboclos de lança". "Eles representam cortadores de cana que passam o ano bordando seus mantos para o carnaval de Olinda", explica Elisiane. Num segundo momento, entram o rei e a rainha num cortejo também típico do maracatu.
Já "Caboclinhos" surgiu entre alunos de 15 e 16 anos do colégio Posiville (o grupo Positivo está presente em Joinville, assim como as pizzarias Baggio, o Centro Europeu e o shopping Mueller), que apresentam a tradição também carnavalesca em que se endossa fantasia de índio em cenas de caça.
"É uma riqueza de cores, uma alegria... são ritmos que representam muito do Brasil", define a professora, que foi convidada há quase 15 anos a bolar o projeto que estende a crianças da rede municipal a arte pela qual a cidade ficou conhecida nacionalmente.
Entre nove concorrentes, os dois grupos levaram os prêmios júnior e sênior de dança popular em grupo.
Coincidentemente, outro grupo de escola municipal, de Ourinhos (SP), levou o segundo lugar sênior ao apresentar a também tradicional dança do bambu, em que meninas saltitam entre varas que estalam em pedaços de madeira.
Com competições até sexta-feira, o festival tem também apresentações profissionais. Leia mais na cobertura do Caderno G.
A jornalista viajou a convite do Festival de Dança de Joinville.
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