Retomada do cineclubismo?

Na sexta-feira passada, Curitiba teve a rara oportunidade para debater sobre cineclubismo. A iniciativa foi do 9.º Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba, que agendou uma palestra com Bruna Rafaela, diretora de comunicação do Conselho Nacional de Cine Clubes. A reportagem do Caderno G foi conferir a discussão, mas encontrou uma sala vazia. Ninguém compareceu, para decepção de Bruna.

Carioca, 27 anos, ela é responsável por um dos poucos cineclubes existentes no estado. Chamado Cinenômade, ele leva mostras de curtas e oficinas de produção para as regiões mais carentes do Paraná. Já foram feitas apresentações em Piraquara, Doutor Ulisses, Ortigueira e Reserva.

Brana Rafaela conta que o interesse nos cineclubes tem ressurgido nos últimos três anos, depois de um longo período de paralisação. "Até o término da ditadura, o cineclubismo era um movimento de engajamento político muito grande. Muitas das ações contra o regime surgiram nos cineclubes, dentro das universidades. Eles conseguiam burlar, passar filmes e debater questões para mobilização política", explica.

O processo de democratização e a paralisação da produção cinematográfica no início da década de 90 esvaziaram o movimento, abrindo mercado, segundo Rafaela, para a indústria cinematográfica americana. "A cota de cinema brasileiro não é respeitada. O que se tem de aproveitamento dessa cota é somente para as grandes produtoras, enquanto o cinema independente do país não tem espaço. A produção nacional não pode ficar restrita apenas à Globo Filmes. Existe o cinema brasileiro suado e barato, porque é um cinema digitalizado. Mas esse cinema fica nas gavetas", conta.

Para a cineclubista, o único espaço que os realizadores independentes têm para exibir seus filmes são os festivais e os cineclubes. Muitos deles são abertos pelos próprios cineastas, para exibir suas produções. Mas existem também os clubes dedicados a gêneros específicos (terror), ou aqueles presentes nas escolas, usados como instrumento pedagógico por professores. O movimento é organizado pelo Conselho Nacional de Cineclubes, que atualmente trabalha no mapeamento de todos os clubes existentes no país.

Serviço: Conselho Nacional de Cineclubes – www.cnc.utopia.com.br. Cinenômade – www.cinenomade.com.