Programe-se
Três grandes exposições do MON
Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999 Centro Cívico), (41) 3350-4400. Exposições de Roger Ballen, Nuno Ramos e João Osório Brzezinski. Inauguração hoje, às 19 horas. Entrada franca na abertura.
Confira
4.º Salão Nacional de Cerâmica
Casa Andrade Muricy (Al. Dr. Muricy, 915 Centro), (41) 3321-4786. Obras de 30 ceramistas selecionados. Visitação de terça a sexta-feira, das 10 às 19 horas. Sábados e domingos, das 10 às 16 horas. Entrada franca. Até 30 de março de 2014.
Na década de 1970, o fotógrafo nova-iorquino Roger Ballen decidiu se mudar para Johannesburgo, maior cidade da África do Sul, após uma viagem de aproximadamente cinco anos pelo continente africano, onde aprendeu o ofício, de forma autodidata. Anos depois, uma de suas séries, Platteland, o projetou mundialmente. As fotografias lançadas em 1994, mesmo ano da eleição do líder Nelson Mandela falecido recentemente , retratavam comunidades brancas empobrecidas do interior da África e irritaram setores ainda ligados ao Apartheid. Ballen foi preso ao denunciar uma realidade que o regime de segregação racial não queria mostrar. Uma retrospectiva de sua obra, inclusive trabalhos desta série, abre hoje, às 19 horas, no Museu Oscar Niemeyer (MON).
Roger Ballen: Transfigurações, fotografias 1968-2012 reúne 113 imagens do artista, desde 1968, quando começou a fotografar de forma despretensiosa, até sua pesquisa mais recente é a primeira individual do artista na América Latina. A exposição, que é itinerante, esteve em cartaz no Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro, no ano passado, e depois de Curitiba seguirá para o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (ainda sem data de estreia definida).
"No início, a fotografia de Ballen era de rua, sem temática definida. Depois, ele passa de um trabalho totalmente intuitivo para um documental", explica a curadora da exposição, Daniela Géo, que é doutora em fotografia pela universidade francesa Sorbonne. Casas típicas da área rural da África do Sul e figuras humanas fora do padrão de beleza e das proporções ditas "ideais" são outras temáticas recorrentes na obra do fotógrafo, o que Daniela define como "estética do grotesco". "Muitas de suas fotos são a representação da falência do modelo social", ressalta.
Essa característica, de acordo com Daniela, ficou ainda mais presente após a série Outland, em que Ballen misturou situações caóticas de realidade e ficção. "Quando ele é reconhecido internacionalmente, ao invés de seguir a linha documental, ele resolve dar uma guinada e misturar essas duas vertentes. Se tornou a marca do Roger." Hoje, as fotografias de Ballen estão cada vez mais abstratas e distantes das pessoas. "Vamos ver mais representações da figura humana, através de recortes, estatuetas e objetos", diz a curadora.
Outras exposições
Junto com a individual de Ballen, o MON inaugura hoje mais duas mostras. Salvando Aparências traz uma instalação de formas recortadas em MDF e iluminadas por lâmpadas incandescentes, de autoria do artista paranaense João Osorio Bueno Brzezinski. Anjo e Boneco é a nova exposição do artista paulista Nuno Ramos. Uma série de desenhos em larga escala, feitos em guache e carvão, faz parte da exposição, que traz ainda um quadro de grandes dimensões produzido especificamente para a temporada no MON. No mesmo dia, antes da abertura, às 18h15, Nuno bate papo com o público no miniauditório do museu (com capacidade para 60 pessoas).
CAM recebe 4.ª edição do Salão Nacional de Cerâmica
A partir de hoje, a Casa Andrade Muricy (CAM) recebe o trabalho de 30 artistas selecionados para o 4º Salão Nacional de Cerâmica, com 56 obras inéditas que representam a produção contemporânea da cerâmica brasileira.
Durante o mês passado, uma comissão formada pela pesquisadora de Artes Plásticas Angela Ancora da Luz, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e crítica de Arte, e pelas escultoras e ceramistas Ligia Borba e Maria Cheung, selecionou os participantes, entre 200 inscritos. Artistas como o curitibano Juan Parada e Regina Costacurta estarão com obras na CAM, além dos dois primeiros colocados (que receberam um prêmio de R$ 10 mil e R$ 5 mil, respectivamente), Andrey Zignnatto, de São Paulo, e Alexandra Eckert, de Porto Alegre. Uma sala específica para a ceramista Lirdi Jorge, responsável pela formação de gerações de artistas dedicados à técnica em Curitiba, também é um dos destaques do salão.
Segundo a produtora executiva da mostra, Rebeca Gavião Pinheiro, o júri se baseou na poética e na estética das obras selecionadas, que estarão expostas na Casa Andrade Muricy. No entanto, o principal objetivo do evento é dar mais visibilidade para a cerâmica, que, segundo Rebeca, ainda não está muito inserida no contexto das artes visuais. "A ideia de que a cerâmica é algo somente decorativo ou utilitário, e não artístico, está mudando, e o nosso propósito é mostrar justamente isso."
Em março, no fim do salão, um catálogo com todos os artistas selecionados será lançado na CAM.
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