Opinião: As estrelas de Ringo encantam Curitiba
Ringo Starr nunca escondeu suas limitações como compositor ou cantor. Pelo contrário, logo no começo de sua carreira solo fez uma música ("Early 1970") em que brincava com a falta de habilidade nas aventuras musicais que fossem além da bateria. Desde o fim dos Beatles, ele compensa parte dessas deficiências com seu jeito boa-praça, capaz de atrair colaboradores de alto quilate em discos e shows. A apresentação da última quinta-feira (31), em Curitiba, foi mais um passo nessa longa trajetória.
Não que o público de cerca de 2 mil pessoas que foi ao Teatro Positivo se importasse muito com o Ringo artista solo; a plateia estava lá para assistir a um ex-beatle, algo que a capital paranaense não via há 20 anos desde a apresentação de Paul McCartney na Pedreira Paulo Leminski. Nesse sentido, o show pode ter decepcionado, não pela qualidade (excelente) das interpretações, mas pela quantidade: apenas 8 das 22 músicas apresentadas saíram do repertório do quarteto de Liverpool.
O público do Teatro Positivo viveu momentos de Beatlemania na noite desta quinta-feira (31), durante a apresentação do cantor e baterista Ringo Starr, que lotou o local.
Com a afiada All Starr Band, formada por ex-integrantes de grupos como Toto e Utopia, o ex-Beatle abriu o show já com uma das músicas que gravou com sua antiga banda "Matchbox".
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As canções "It Don't Come Easy" e "Wings", da carreira solo do músico britânico, continuaram empolgando até o repertório chegar na primeira sequência de covers dos membros da banda de apoio.
Com longos solos de guitarra, saxofone e percussão, alguns deles foram senha para o público se sentar, ansioso pela volta de Ringo ao microfone de preferência para cantar sucessos dos Beatles que invariavelmente fizeram a plateia se levantar.
Eles vieram, alternados com as músicas da All Starr Band, que o músico acompanhou na bateria dobrando algumas linhas com Gregg Bissonette. "Boys" foi cantada por Ringo em seu instrumento, como no tempo dos Beatles; "Yellow Submarine" ganhou uma festa de balões amarelos organizada pela plateia; "Don't Pass Me By", apresentada por Ringo como a primeira canção que escreveu, e "Act Naturally", country rock do disco Help!, tiveram recepção calorosa.
Ringo cantou músicas como "Honey Don't" em uma tonalidade abaixo da que gravou, mas mostrou que seu vozeirão peculiar continua inteiro, assim como o seu pique. O ex-Beatle correu e dançou pelo palco sem dar pistas de cansaço aos 73 anos durante mais de uma hora e meia de show. Mas também se manteve discreto quando era a vez de Todd Rundgren, Gregg Rolie ou Steve Lukather irem para o centro do palco. Momentos recebidos com alegria pelos fãs de Ringo, ainda que tenham ocupado quase metade do show.
Fãs
O público não fez feio e levou cartazes, faixas e até se vestiu com roupas usadas pelos Beatles.
Teve até quem se dissesse "Ringomaníaco". Foi o caso de Astrid Miranda Leão, professora da Universidade Estadual do Ceará. "É o meu preferido desde o início", contou. Para não deixar dúvidas, disse que sua vinda a Curitiba só para ver o ídolo é pouco perto do que já fez no passado: em 1983, foi até a casa do músico Ascot, na Inglaterra, para tentar vê-lo. Não conseguiu. "Estou aqui porque a esperança é a última que morre", disse.
Ringo Starr faz show em Curitiba