A massa de vozes que preenchia a tenda do Circo Voador era tão volumosa que não teve jeito. Engolida pelos brados do público, em "Doce vampiro", Rita Lee deixou o microfone de lado e cedeu à força dos versos: "Vou abrir a porta/ Pra você entrar". A plateia entrou, e Rita não aguentou: "O que que é isso? Que lindo!". Era a primeira vez que a cantora pisava o palco do Circo, que está completando 30 anos de vida. A emoção era evidente e, no final da faixa seguinte, "Ovelha negra", assim que os acordes silenciaram, Rita surpreendeu a todos ao anunciar a sua aposentadoria dos palcos.
"Geralmente nessa hora eu levo um lero com vocês, mas está tão especial que decidi falar algo. Uma coisinha leve. Queria dizer que esse é o meu penúltimo show, mas já considero o último. É... Vou me aposentar dos palcos", disse a cantora, que ainda fará no próximo sábado um show em Aracaju e lançará este ano o CD "Reza".
A plateia se alvoroçou, e Rita continuou. "É, gente, tenho 67 anos, aposentadoria é bom. Fico por aqui", disse ela, cuja data oficial de nascimento, 31 de dezembro de 1947, indica que ainda está com 64.
As guitarras do filho Beto Lee e do marido Roberto de Carvalho voltaram a soar, e Rita emendou: "A ovelha negra não vai mais voltar. Ela vai sumir. Baby, baby..." As lágrimas lubrificaram o coro, que voltou em peso a cantar. Foi o ápice emocional e musical de uma apresentação que durou uma hora e meia e poderia ter continuado madrugada adentro.
Completo domínio do palco
Ao contrário do que disse em seu Twitter na manhã seguinte ao show ("Quem me viu ontem pode bem atestar minha fragilidade física"), Rita Lee se aposenta ("Aposento-me de shows, da música nunca", disse também no Twitter) em plena forma, dominando completamente seu ofício: voz e corpo no lugar, presença de palco, autenticidade e segurança em cada gesto, a capacidade de renovar e manter seu público, formado na noite de sábado por crianças acompanhadas dos pais, adolescentes, adultos e uma parcela considerável da terceira idade, além de um carisma que une humor, ironia e doçura:
"Trinta anos de Circo Voador e eu nunca vim aqui! E quase que não venho hoje também. Velho tem muita doença. E sempre em dia especial. Hoje amanheci com herpes... Herpes labial superior direita. Mas vocês são tão bonitinhos."
Com figurino preto dos pés ao pescoço - a cabeça resplandecia num vermelho flamejante - e acompanhada por uma afiada banda de rock, a rainha do rock brasileiro enfileirou hits do início ("Agora só falta você", "Vírus do amor", "Saúde", "Bwana") ao fim, com um bis que começou com uma versão de "Ando meio desligado", dos Mutantes, e ganhou ainda mais força, dança e lágrimas com "Mania de você", "Flagra" e "Erva venenosa". Rita Lee fez um show memorável: palco e plateia sentirão saudades.
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