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A obra

Livro – Passando pela psicanálise, antropologia, psicologia, filosofia e musicologia, A Modernização da Música Primitiva reúne artigos de seis autores, organizados por Claudinho Brasil, que assina o capítulo sobre a relação entre música primitiva e eletrônica. O livro partiu de um trabalho de pesquisa de mais de cinco anos, em que Brasil fez uma imersão no universo da cultura indígena e oriental, relacionando-a com a cena eletrônica.

Disco – Rituais Eletrônicos, o álbum que acompanha o livro, pretende ser a parte "prática" do trabalho. O resgate da música primitiva é feito a partir dos sons eletrônicos e de cânticos. O show que acontece este sábado foi apresentado durante setembro e outubro em diversos países da Europa.

Construída a partir de repetições, rituais, ruídos, danças e a união entre diversas formas de arte, a música primitiva está muito próxima das raves celebradas em contato com a natureza e com a música eletrônica. Foi a conclusão a qual chegou o multiartista Claudinho Brasil durante aulas do terceiro ano da faculdade de Música, em 2002.

Desde então, passou a pesquisar a relação entre as duas manifestações musicais e a dar palestras para alunos da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e da Escola de Música e Belas Artes (Embap). O trabalho resultou no livro A Modernização da Música Primitiva, que será lançado no sábado, acompanhado do CD Ritual Eletrônico.

"Estudando a evolução da história da música, a gente percebe que vivemos em um momento incrível nos últimos 30 anos. É como se fosse uma pirâmide: na base está a música primitiva, que existe há milhares de anos. O vértice é o classicismo, tão preocupado com a perfeição da forma, da melodia e da harmonia. Com essa perfeição atingida, não tinha mais para onde a música se desenvolver. Começou-se então a desconstruir, e é isso o que faz a música eletrônica", explica Brasil, que vê nessa desconstrução um retorno às bases da música primitiva.

O livro reúne diversos artigos escritos por especialistas de diversas áreas, como a psicanálise, a antropologia e a saúde mental (leia quadro), organizados por Claudinho Brasil, que assina também o último deles, espécie de pósfacio do livro.

Partindo da tese de que "o que é primitivo no homem está presente até nossos dias e sempre estará", como lembra a psicóloga Maria Virgínia Filomena Cremasco no prefácio do livro, Brasil pretende estabelecer a relação do primitivo com o contemporâneo musical, identificado principalmente com a música eletrônica.

"A música eletrônica não tem nada de fria, apesar de ser feita por meio de computadores. As raves, por exemplo, resgatam a celebração que existe nos ritos primitivos da cultura indígena e oriental. É uma vivência do sagrado", aponta o músico, que ressalta a importância da consciência na hora de compreender o ritual eletrônico, para que ele não seja apenas uma expressão vazia, sem significado.

O autor define o sagrado como uma experiência cotidiana, ligada à idéia de religião como "religar-se" a si mesmo – a autoconsciência. "É pensar no que você vive, no que você come, no mundo em que você vive. Está tudo conectado".

No CD que acompanha o livro, Ritual Eletrônico, o músico apresenta 12 faixas que misturam elementos como mantras Hare Krishna, maracatu eletrônico e cânticos da tribo indígena Fulni-ô, de Pernambuco. "É como se o livro fosse a teoria e o CD a prática", resume o artista.

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Serviço: Lançamento do livro A Modernização da Música Primitiva e do CD Ritual Eletrônico. Era Só O Que Faltava (Av. República Argentina, 1334). Sábado (24), às 20 horas, acontece o coquetel e a sessão de autógrafos e, às 22 horas, o show do CD Ritual Eletrônico. Ingressos a confirmar. Mais informações pelo fone (41) 3342-0826.

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