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Alta rotação: Brül e Hemsworth vivem Lauda e Hunt em filme tecnicamente impecável | Divulgação
Alta rotação: Brül e Hemsworth vivem Lauda e Hunt em filme tecnicamente impecável| Foto: Divulgação

O esporte, quando transformado em tema para o cinema, costuma servir como metáfora para a discussão de outras questões, mais profundas, possivelmente porque muitos dos dilemas essenciais à condição humana são replicados, potencializados até, quando sob a pressão do ambiente competitivo das diferentes modalidades abordadas. Seja o boxe, o atletismo ou o automobilismo, como é o caso de Rush – No Limite da Emoção, longa-metragem que está chegando às locadoras depois de uma breve passagem pelos cinemas brasileiros.

Apesar de a Fórmula 1 nunca ter gerado maior interesse nos Estados Unidos, onde a Indy é bem mais popular, a história da rivalidade entre o piloto inglês James Hunt e o austríaco Niki Lauda chegou à tela grande pelas mãos de um diretor norte-americano, Ron Howard, vencedor do Oscar por Uma Mente Brilhante.

A produção tem como difícil missão tentar dissecar as motivações por trás da complexa relação desenvolvida entre os dois corredores ao longo dos anos. Não é, portanto, um mero filme sobre carros de corrida, embora as sequências que retratam as provas – inclusive o GP do Brasil – sejam espetaculares, mas uma discussão sobre como a competitividade, quando trazida para o plano pessoal, pode ser um combustível poderoso.

Personalidades

Para início de conversa, Lauda e Hunt não poderiam ter personalidades mais desiguais. Cerebral e altamente técnico, o austríaco fazia uso dessas habilidades ao mesmo tempo como escudo e compensação pelas sucessivas humilhações sofridas ao longo de seu início de carreira nas pistas por não ter nem a postura nem a aparência de um herói. Já Hunt, bonito, viril e hedonista, representava para Lauda um contraponto bastante incômodo: fazia parecer ser fácil o que a ele custava muito esforço e empenho. Desse choque de temperamentos, nasceu um filme bem acima da média.

O segredo dessa qualidade contradiz o título original, Rush, que em português significa pressa. A primeira metade da narrativa se dedica, sem atropelos, a apresentar os traços mais peculiares de cada piloto, os situando no tempo e no espaço até o dramático campeonato mundial de Fórmula 1 de 1976, quando se enfrentam de igual para igual.

É nesse ano, também, que Lauda sofre o grave acidente que o afastará das pistas, quando liderava a competição, o deixando entre a vida e a morte após sofrer queimaduras que o desfiguraram, mas não o impediram de voltar ao cockpit em tempo de tentar brigar pelo título.

Tecnicamente impecável, Rush – No Limite da Emoção – tem o mérito de não permitir que essa virtude se sobreponha à história que está sendo contada, comprometendo a sua dramaticidade. Ponto para Howard, que, de posse de um roteiro bem costurado, extrai ótimos desempenhos de seus atores, sobretudo do australiano Chris Hemsworth (Hunt), astro da franquia Thor, e do hispano-alemão Daniel Brühl (Lauda), revelado ao mundo por Adeus, Lênin. GGG1/2

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