Em Sem Proteção, Redford é um ex-militante de esquerda| Foto: Divulgação

Sem Proteção

Confira o trailer, fotos e sessões do filme nos cinemas do Paraná no Guia Gazeta do Povo

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Há algo incômodo, mas também precioso, em Sem Proteção, o mais recente longa-metragem dirigido e estrelado por Robert Redford, em cartaz nos cinemas desde a última sexta-feira. Enquanto o cinema norte-americano parece estar sempre em busca de histórias heróicas, construídas em torno de ideais de superação e da possibilidade de triunfo ou redenção, esse filme vai na direção contrária. Fala de perdas – e das transformações pelas quais os sonhos de juventude passam com o decorrer dos anos.

Redford vive o papel de Nick Sloan, um militante de esquerda, envolvido com atos terroristas na década de 1970, que assume outra identidade para não ser preso. Ele se tornou, há três décadas, o advogado Jim Grant, agora viúvo e pai de uma filha de 10 anos. Ele parece ter enterrado de vez seu passado como integrante da organização The Weathermen, de perfil quase guerrilheiro, que lutava contra o capitalismo e a Guerra do Vietnã.

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Tudo muda na vida de Sloan/Grant quando uma ex-companheira, Sharon Solarz (Susan Sarandon), também casada e com filhos, é presa pelo FBI, o que dá início a uma espécie de caçada aos demais participantes do grupo – assim como Sharon, ele é procurado por conta da morte de um guarda de um banco assaltado por ele e seus companheiros.

A vida do advogado se complica ainda mais quando Ben Shepard (Shia LaBeouf), repórter de um jornal regional do estado de Nova York, começa a investigar o caso e descobre que Sloan é, na verdade, outro acusado do crime. Apenas lhe resta, então, fugir, e tentar provar sua inocência.

O protagonista crê que uma ex-parceira da organização, Mimi Lurie (Julie Christie), pode testemunhar em seu favor, já que foi ela, e não ele, a responsável pelo assassinato. Mas há um complicador: os dois foram amantes e ela foi a única a não desistir da luta.

É interessante como Redford contrapõe o idealismo de sua geração – apesar de muitos de seus colegas, assim como ele, terem desistido de seus ideais – à figura do jovem repórter, um sujeito interesseiro e manipulador, cheio de ambições. Será o contato com a história dos Weathermen que, aos poucos, o fará repensar seus valores.

Sem Proteção, apesar de alguns problemas de roteiro, e de edição – que deixam alguns furos na trama –, é um bom filme. Investe de humanidade os personagens. GGG

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