A noite em que Roberto Carlos venceu uma etapa de seu transtorno obsessivo compulsivo (TOC). A frase pode ilustrar bem o segundo e último dia de gravação do especial de fim de ano, nesta terça (8), em um estúdio do Projac, na Globo. O programa, ainda sem data definida, será exibido próximo ao Natal.
Roberto cantou ‘Quero Que Vá Tudo Pro Inferno’, algo que não fazia há muitos anos. “Nem eu mesmo sei há quantos anos não canto essa canção”, disse. E explicou: “Os amigos sempre insistiam para eu cantar. Aí, comecei a tratar do meu TOC e cantei a frase pela metade. Mas, agora, resolvi cantar tudo”.
Em vez de chamar nomes do funk ou da música sertaneja em evidência, estratégia de alguns anos, Roberto recebeu na terça Gilberto Gil e Caetano Veloso, que cantaram duas músicas: ‘Coração Vagabundo’ e ‘Marina’.
Dois belos momentos, reconsiderando a amizade dos três depois do turbulento episódio do Procure Saber, grupo que defendia as biografias autorizadas do qual Roberto saiu às rusgas com Caetano Veloso, há dois anos.
Gil, em tratamento de uma insuficiência renal, parecia mais frágil, com a voz mais opaca e um tanto trêmulo. Mas nada prejudicou sua entrega nas partes em que devia cantar ao lado de Caetano e Roberto, que enxugou lágrimas ao fim das duas músicas.
‘Robertinho Carlinhos’
Marisa Monte, a terceira convidada (Zeca Pagodinho participou das gravações na segunda-feira, dia 7) veio de branco para cantar outras duas: uma surpreendente versão para ‘De Que Vale Tudo Isso’, do repertório de Roberto, e sua ‘Ainda Bem’, em dueto com o cantor. “Nunca pensei que um dia alguém cantaria essa música assim”, afirmou Roberto, enquanto Marisa cantava a primeira.
O pior momento, que parecia constranger o próprio cantor, foi um dueto que ele fez consigo mesmo. Ou tentou fazer. Ali, tudo ficou de mau gosto. Roberto apresentou, olhando para um telão, um tal “Robertinho Carlinhos”. Era a imagem dele mesmo, usando uma peruca e um paletó preto, outro tabu quebrado em seu TOC, que não permitia que se aproximasse dessa cor.
Há um diálogo entre o Roberto do palco e o do telão (que, na montagem do programa, vai aparecer ao seu lado) no qual o cantor tem de seguir um péssimo roteiro. Depois de deixas, eles cantam em dueto ‘Mexerico da Candinha’, ‘Namoradinha de Um Amigo Meu’ e ‘Eu Sou Terrível’. E foi este, além da participação de Marisa Monte, o momento que o diretor Boninho pediu para ser repetido. Nem Roberto gostou.