Rock brasileiro contra a fofura

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A banda curitibana Eletro­­veracruz apresenta amanhã, na Fnac, um pocket show com decibéis reduzidos para mostrar sua fusão de rock com música brasileira (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). O grupo foi formado ano passado, em torno das canções do vocalista e guitarrista João Francisco Paes, que escreve ao violão, em uma linha mais ligada à MPB. Juntaram-se a ele Biel Carpenter (baixo e xilofone), Caro Pisco (bateria) e, mais recentemente, Samuel Jalowij (trompete).

Os músicos lançaram um EP em 2013 e esperam finalizar um álbum até o fim de 2014 (ouça as canções "Um Índio", "Não Me Mande Calar a Boca" e "Tormenta", que devem fazer parte do show, no site www.eletroveracruz.com; no YouTube, assista ao clipe da música "Na Ponta da Língua").

"O Eletroveracruz é legal porque cada integrante traz uma referência", explica Carpenter. "A Caro tem uma pegada bem rock-and-roll. Ela traz as referências dela. Eu trago referências de folk; e o João, da música brasileira pesada", explica. A base na MPB, no entanto, está nas raízes. "O João [Paes] vem dessa escola do violão no Brasil, que é bem específica. Geralmente as canções são compostas primeiro no violão, e então fazemos o arranjo para a banda. Então isso acaba ficando evidente."

Influências

Uma das primeiras referências a que o resultado remete é a banda Los Hermanos, de Marcelo Camelo – por sinal, amigo pessoal de Carpenter, artista plástico que fez os encartes de Toque Dela (2011) e Mormaço (2013), dois últimos trabahos do colega. O artista curitibano até reconhece a identificação com o rock mais pesado usado na equação do grupo carioca, mas em contraste com uma linha "fofa" que identifica na música brasileira contemporânea.

"Tem uma geração com uma pegada fofa. A Eletro­­veracruz não tem nada disso", avalia. "Mas tentamos não rotular. Cada um traz um repertório e tentamos criar ambiente de criação livre."

Tom político

João Francisco Paes também diz identificar uma sonoridade em comum com a banda que compôs "Anna Júlia", mas diz que a influência é sobretudo instrumental – componente em que a Eletroveracruz também se inspira em nomes como o grupo paulista Hurtmold.

As letras, explica Paes, são as mais políticas de seu cancioneiro. "A ideia na Eletroveracruz é trabalhar com canções de cunho mais político do que em meu trabalho solo", diz o cantor e compositor, citando como exemplo "Um Índio" – que fala "desgaste da cultura indígena no Brasil", lembrando de Caetano Veloso: "Duvido muito que um índio descerá/ Pois já morreram todos enforcados sob toldos e manchetes/ Foram queimados entre a novela e o Jornal Nacional", canta Paes.