Opinião
Reitoria teve show de mestres e surpresa com alunos da Venezuela
Rafael Rodrigues Costa
Um clima de leveza e intimidade entre os músicos no palco e na plateia do Teatro da Reitoria marcou a Noite dos Professores da Oficina de Música de Curitiba, na segunda-feira. Com performances que evidenciaram a qualidade dos professores da Oficina sem recorrer a corridas de obstáculos, a apresentação trouxe o violeiro Paulo Freire, que contou causos divertidos usando intervenções habilidosas na viola como parte da narrativa; contou com o vozeirão de Zé Luiz Mazzioti, acompanhado por uma competente banda formada por Thiago Alves, Lilian Carmona e Cainã Cavalcanti; e foi marcado por interpretações emocionantes de "Barra do Ribeiro", de Guinha Ramirez, e "O Ovo" (Hermeto Pascoal)/"Trenzinho do Caipira" (Villa-Lobos) com participação de Pedrinho Figueiredo, Daniel Sá, Junior Ferreira e Amoy Ribas.
O final guardou surpresas. Estudantes venezuelanos trazidos à Oficina em parceria com o Festival Internacional de Jazz de Barquisimeto fizeram uma apresentação que começou tímida, mas que logo ganhou uma intensidade impressionante em "Pajarillo", canção folclórica venezuelana interpretada com vigor contagiante.
A presença de profissionais de ponta na cidade durante a Oficina de Música de Curitiba traz uma série de provas de que o som instrumental não depende da canção para ser interessante mesmo quando se fala em música popular.
Assim como as canções não dependem de arranjos complexos para serem grandes obras, a música popular instrumental prescinde da voz para entregar seu recado.
Mas um dos trunfos da música brasileira está justamente nesse cruzamento, e é de um destes encontros que nasce o álbum Rogéria Holtz NaTocaia, que a cantora paulista lança hoje, no Paiol, com o grupo de Glauco Sölter, Mario Conde, Endrigo Bettega e Jeff Sabbag, além das participações de Marcio Rosa e Murillo Da Rós.
Repertório
O disco traz uma minoria de canções de medalhões da música brasileira "Milagre dos Peixes" (Milton Nascimento e Fernando Brant), "Beiral" (Djavan) e "Camarim" (Cartola e Hermínio Bello de Carvalho) e registra composições de autores ligados à música paranaense, incluindo as estreias da própria Rogéria como compositora em "Acalanto" (com Sérgio Machado e Danny Calixto sobre poema de Marcelo Sandmann), "Choro Romântico" (com Waltel Branco e Etel Frota), "Estrela Cadente" (com Marcos Pamplona) e "Cacos" (com Estrela Leminski).
Rogéria ainda canta "Filho de Santa Maria", de Paulo Leminski, "44", de Carlos Careqa presente na gravação , "Dois em Um", de Zé Miguel Wisnik e Alice Ruiz, "Cicatriz", de Wellington Wella, e "Céu e Blues", de Marcelo Sandmann e Benito Rodrigues.
"São compositores daqui, que gosto de cantar, e são meus amigos", conta Rogéria. "Quis cantar coisas do nosso meio, que fazem nossa personalidade musical", diz.
Os arranjos são assinados pelos próprios integrantes do NaTocaia, cada um responsável por uma música. "A intenção é que cada faixa tenha uma personalidade, traga uma energia diferente", explica Rogéria, que disse ter interferido muito pouco na concepção das músicas. "Confiei na banda do começo ao fim", diz.
O convite ao NaTocaia não foi à toa. Rogéria queria uma base com sonoridade característica de banda, algo que o grupo, junto há mais de 18 anos, poderia oferecer. E essa marca deveria vir em primeiro plano daí as faixas trazerem improvisos, partes instrumentais, arranjos complexos, grande força instrumental e fluência em ritmos como jazz, samba, choro e rock.
O disco conta ainda com a participação de Alejandro de Nubila (bandoneon) e Raul de Souza (trombone).
"Sempre achei que o cantor não precisa ter uma cozinha para cantar. Gosto dos músicos na sala de estar. Sempre gostei dessa energia comigo no palco", explica Rogéria. "Esse disco era um sonho de muito tempo. Desde antes de "Rogéria Holtz no País de Alice [disco lançado em 2003]", conta.
Lançamento do Serenô será na sexta-feira
Cancelado em cima da hora devido a uma queda de energia na região do Teatro do Paiol na segunda-feira, o show de lançamento do primeiro álbum do grupo Serenô foi transferido para a sexta-feira, às 19 horas, no mesmo local. O disco, totalmente autoral, segue a linha principal do trabalho do grupo curitibano, baseada na música brasileira de raiz.
Os ingressos para o show custam R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada) e podem ser comprados antecipadamente na Capela Santa Maria (R. Conselheiro Laurindo, 273). Sujeito à lotação.
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