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O bracinho está meio flácido, mas Mick Jagger ainda deixa a platéia siderada com seu balanço de quadris, seu jogo de ombros, suas caras e bocas. Keith Richards continua tendo a capacidade de surpreender o público com seus improvisos na guitarra em duo com Ron Wood, enquanto a batida de Charlie Watts segue alimentando a alma da banda.

Se há 40 anos os Rolling Stones desafiavam convenções, hoje desafiam a idade: Mick, com 62 anos, Keith, 62, Charlie, 64, e o jovem Ronnie, com 58, aparentam prazer em tocar juntos e continuam esgotando os ingressos em todos os estádios e arenas onde vêm se apresentando nos últimos seis meses. A turnê, batizada "A bigger bang", começou em agosto de 2005 e só vai acabar no verão europeu de 2006, depois de dar a volta ao mundo.

Quarta-feira passada, exatamente um mês antes da aterrissagem prevista para o dia 18 de fevereiro na Praia de Copacabana, os Stones deram uma parada em Nova York para o primeiro de dois shows no Madison Square Garden, onde já tinham se apresentado em setembro último. Mostraram que ainda estão em plena forma e que continuam sendo uma das maiores bandas da História: fazem rock e não apenas montam um grandioso espetáculo.

Palco móvel, telão, serpentina e luzes no arsenal de efeitos. Os músicos, cantando e tocando seus instrumentos ao vivo, são a coisa mais empolgante que acontece no palco, apesar de a banda usar todos os recursos para aumentar a adrenalina da platéia. Assim, um pedaço do palco move-se 40 metros e leva o grupo para o meio do público, luzes estroboscópicas, imagens no telão, o logo do bocão com a língua de fora e até uma chuva de serpentinas fazem parte do arsenal dos efeitos especiais.

A desculpa para essa turnê dos Rolling Stones é a de promover o novo CD do grupo, "A bigger bang". É o primeiro álbum com músicas novas desde 1997 e quatro das canções do disco estão no repertório do show - "Rough justice", "Rain fall down", "Oh no! Not you again" e "This place is empty", esta última cantada por Keith - assim como outros rocks antigos e menos conhecidos, como "She's so cold", do CD "Emotional rescue".

Mas os Stones sabem que não existe público satisfeito sem "Satisfaction" e guardam este trunfo para o encerramento, depois de inflamarem a platéia com uma fileira dos seus grandes clássicos como "Brown sugar", "Start me up" e "Sympathy for the devil". Este é claramente o grande momento do show, a hora em que os muito jovens se unem aos babyboomers de cabeça branca e todos cantam e dançam as velhas coreografias já testadas em outros shows nos muitos anos de estrada da banda.

Lucro

Os concertos dos Stones viraram uma máquina de fazer dinheiro - em Nova York, os ingressos custavam até US$ 450 - mas nem por isso o grupo deixa de improvisar, mudar o roteiro das músicas com freqüência, rir dos erros e das notas que saem desafinadas. Incorporaram ao grupo o baixista Darryl Jones e passaram a dividir o palco com outros sete coadjuvantes: um naipe de metais, teclados e backing vocals. Mas deixam a voz da cantora negra Lisa Fischer sair das sombras para dar tons de gospel ao rock em "Gimme shelter". Em "Honky tonk women", é Mick Jagger que faz da música um blues descarado. E é ele também que delicia a platéia quando, numa das trapalhadas da banda, ameaça fazer o estilo sexy provocativo.

- Estava preocupado com o que a gente iria fazer agora, mas não tem problema, qualquer coisa eu mostro as tetas - avisou, rindo e desafiando.

Não mostrou, mas cada peça de roupa que tirava - jaqueta preta de paetês, camisa bege de cetim - levava a platéia ao delírio. É Mick quem comanda o show, correndo pelo palco durante duas horas. A banda o encoraja e o protege, numa relação de velhos companheiros que ainda têm surpresas a oferecer uns aos outros. Depois de tantas décadas no palco, os Stones não são mais demoníacos como pareciam nos longínquos anos 60 mas ainda adoram o rock'n' roll e fazem um grande espetáculo. Vai ser bonito em Copacabana.

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