Quando a fragata que trazia a futura Imperatriz do Brasil Leopoldina de Habsurgo aproximou-se da baía de Guanabara, em outubro de 1817, a primeira impressão que a princesa austríaca teve de sua nova terra foi a melhor possível. "Eu não tinha idéia da beleza dos trópicos", registrou em seu diário. "O mundo tropical revelou-se para mim".
A segunda impressão, colhida após o primeiro encontro com a família real portuguesa, não foi tão boa:
"Dom João, meu sogro, é um tanto corpulento. Ao banquete, comeu quatro coxas de galinha e três pedaços de carne com um molho espesso. Dona Carlota, minha sogra, é - para falar francamente - bastante feia. (...) Meu cunhado Miguel (...) cheirava a fumo e vinho azedo; não foi um encontro agradável".
Quem relata a cena é a escritora austríaca Gloria Kaiser em seu novo romance, "Um diário imperial", traduzido por Ana Olga de Barros Barreto para a editora Reler. Para compor o romance, Gloria se inspirou nos diários reais mantidos por Leopoldina durante a juventude, conservados pela Biblioteca Nacional de Viena.
O romance é narrado pela própria Leopoldina. Em seu diário secreto, que ela esconde costurando as páginas na almofada de rezar, a princesa registra suas angústias de adolescente, entremeadas de comentários sobre o turbilhão político que alvoroçava a Europa na época.
A história acompanha a vida da princesa dos 17 aos 20 anos, do fim do Congresso de Viena, que redefiniu o mapa político europeu após a derrota de Napoleão, até o dia em que chegou ao Brasil, em 1817, para se casar com D. Pedro.
- Foi a época mais feliz da vida de Leopoldina - afirma Gloria, autora de outros romances históricos como "Pedro II do Brasil" e "Dona Leopoldina, uma Habsburgo no trono brasileiro". - Depois de desembarcar no Brasil, ela ainda teve alguns anos alegres.
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