Pellanda e o imaginário da cidade
Daniel Zanella, especial para a Gazeta do Povo
Luís Henrique Pellanda pode ser considerado, após duas coletâneas firmes, o cronista que melhor apresenta as contradições e cores estranhas de Curitiba. Autor de Nós Passaremos em Branco, de 2012, finalista do Prêmio Jabuti, e de Asa de Sereia, finalista do Portugal Telecom, ambos lançados pela Arquipélago Editorial, o curitibano vem conseguindo estabelecer uma voz contemporânea para a crônica brasileira, marcada pela grande geração de cronistas do século 20 o que é um fardo.Em Asa de Sereia, coletânea de 45 textos sobre ruas, pessoas e sensações, ele entrega um percurso de sustos cotidianos na melhor tradição da crônica brasileira e se destaca por conseguir retirar uma espécie de beleza singular do lado obscuro da cidade: o cronista como intérprete e algo organizador, em mundo difícil de significar.
A poesia múltipla de Guilherme Gontijo Flores
Daniel Zanella, especial para a Gazeta do Povo
O currículo de Guilherme Gontijo Flores é de quem resolveu fazer da literatura sua fundação. Professor e tradutor, Gontijo é formado em Letras Português pela Universidade Federal do Espírito Santos (Ufes), mestre em Estudos Literários pela UFMG e doutor em Letras Clássicas pela USP. Dá aulas de Língua e Literatura Latina na UFPR, alternando-se entre Curitiba e Morretes, onde vive atualmente. Traduziu Rainer Maria Rilke, Sexto Propércio, John Milton e Robert Burton. Aliás, sua Anatomia da Melancolia segue até hoje ganhando prêmios por aí, da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), além de ter sido finalista do prêmio Jabuti.Brasa enganosa, apesar de ser seu livro de estreia, não guarda nada de ingenuidade. É um caminho de poesias trabalhadas até não sobrar nada de gordura, um lirismo que até aparenta algum grau de hermetismo, mas é, de fato, preciso. De modo geral, um trabalho capaz de colocar Gontijo como uma das vozes autorais mais interessantes surgidas em 2014.
O livro "O Drible" (Cia das Letras) foi o grande vencedor do Prêmio Portugal Telecom de Literatura de 2014. Conta uma história familiar com ambientação sobre futebol e arrebatou o prêmio na categoria romance e também o Grande Prêmio de melhor livro do ano. O autor Sérgio Rodrigues, um jornalista mineiro radicado no Rio de Janeiro, vai receber R$ 50 mil para cada uma das premiações. Cada vencedor de categoria recebe R$ 50 mil e os outros foram pelo prêmio principal.
Com o vencedor concorriam na categoria Romance os livros "Matteo perdeu o emprego", do português Gonçalo M. Tavares, "A cidade, o inquisidor e os ordinários", do brasileiro Carlos de Brito e Mello, e "Opsanie swiata", da escritora brasileira Verônica Stigger.Na categoria Poesia, o vencedor foi o escritor português Gastão Cruz, com o livro "Obrservação de verão seguido de fogo", da Mobile Editorial. Com ele concorriam o brasiliense radicado em Curitiba Guilherme Gontijo Flores com o livro "Brasa enganosa" (veja texto ao lado), Zuca Sardan (com "Ximerix") e a escritora portuguesa Ana Luísa Amaral ("Vozes).
Na categoria Contos e Crônicas o vencedor foi Everardo Norões, com o livro "Entre Moscas". Era o único dedicado ao conto. Concorriam também o jornalista e escritor paranaense e colunista da Gazeta do Povo Luís Henrique Pellanda, com o livro "Asas de Sereia" (veja texto ao lado), Antonio Prata, com "Nu, de botas" e o escritora e jornalista portuguesa Alexandra Lucas Coelho com "Viva México".
O júri desta edição do prêmio foi constituído por Selma Caetano (curadora-coordenadora); Cintia Moscovitch (curadora de contos/crónicas); Lourival Holanda (curador de romance); Sérgio Medeiros (curador de poesia). Estes escolheram outros seis jurados: João Cezar de Castro Rocha; José Castello; Leyla Perrone-Moisés; Luiz Costa Lima: Manuel da Costa Pinto; e Regina Zilberman.
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