Ao escolher a atriz para protagonizar o especial "Maysa quando fala o coração" o autor Manoel Carlos adotou o mesmo critério usado em 2001, na minissérie "Presença de Anita": optou por um rosto desconhecido na televisão. O método deu certo. A estreante Mel Lisboa povoou o imaginário do público interpretando a ninfeta sedutora que faz um escritor cinquentão perder as estribeiras.
Se a eficiência da fórmula se confirmar, o público deve se preparar para ser seduzido por outra novata: Larissa Maciel. Selecionada entre mais de 200 atrizes, a gaúcha de 30 anos foi a eleita de Manoel Carlos para viver a musa do samba-canção na minissérie que estreia nesta segunda-feira (5).
"Poucos jovens sabem quem foi Maysa e de sua importância para a nossa música", explica o autor. "Então, para apresentar essa diva à nova geração, achei por bem utilizar um rosto novo, uma atriz que fosse transformada em Maysa".
A transformação surpreendeu até a própria Larissa, que nunca se achou parecida com a cantora. Em comum com a intérprete do clássico dor-de-cotovelo "Meu mundo caiu" só mesmo os olhos grandes, num tom que oscila entre o azul e o verde.
"Passei um ano mergulhada no universo da Maysa. Estudei seu gestual, seu tom de voz, o ritmo da respiração...", conta Larissa. "Chegou uma hora em que, quando o maquiador fazia o primeiro traço da sobrancelha, eu já virava Maysa".
Quem confirma essa "incorporação" é o diretor Jayme Monjardim, único filho de Maysa, que costuma de chamar a minissérie de "maior projeto" de sua vida. "Larissa aprendeu a segurar o cigarro e o copo de uísque do jeitinho que minha mãe fazia. Fiquei muito emocionado", garante o diretor.
Larissa, que até então havia feito apenas alguns especiais na TV gaúcha e no teatro de Porto Alegre, não teme que tamanha semelhança logo no primeiro grande papel possa atrapalhar sua carreira. "Não acho que eu vá ficar marcada. O que eu fiz foi me entregar de corpo e alma a um personagem e é isso que continuarei fazendo enquanto for atriz".
Sucesso, amores, dramas e porres
Condensar 40 anos de uma vida intensa, cheia de altos e baixos em nove capítulos de uma minissérie não foi tarefa das mais fáceis, como conta Manoel Carlos. "Privilegiei os aspectos mais fascinantes da trajetória da Maysa", diz o autor. "Ela foi uma mulher de muitos amores, mas mostrei apenas os quatro homens que foram mais significantes em sua vida".
Dos amores da cantora, o especial vai mostrar o casamento com o bilionário André Matarazzo, o romance tempestuoso com o músico Ronaldo Bôscoli, e os casamentos com o empresário espanhol Miguel Azanza e com o ator Carlos Alberto.
Os porres épicos, as tentativas de suicídio que acabavam nas primeiras páginas dos jornais e o temperamento dramático da compositora de "Ouça" e "Franqueza" também não ficaram de fora. Mas Manoel Carlos garante que não são estes elementos que nortearam "Maysa quando fala o coração".
"Quero mostrar a grandeza artística desse mito! No auge da fama, quando consolidou carreira internacional, a Maysa chegou a ter um cachê tão alto quanto o do Nat King Cole", explica. "Nunca houve um artista brasileiro tão preparado culturalmente. Ela cantou em inglês, espanhol e até em francês no Olympia de Paris".
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