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Arrumadinhos:versão atualizada dos playboys e patricinhas de antigamente, é a molecada produzida e perfumada que faz filas na frente de bares como o Taj | Ilustração: Benett / Gazeta do Povo
Arrumadinhos:versão atualizada dos playboys e patricinhas de antigamente, é a molecada produzida e perfumada que faz filas na frente de bares como o Taj| Foto: Ilustração: Benett / Gazeta do Povo
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Interatividade

Que lembranças você guarda da Avenida Batel? E o que acha da rua hoje?

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  • Sertanejos universitários:são os
  • Boleiros:os tipos que orbitam em torno de jogadores de futebol e congêneres: pagodeiros, funkeiros, marias-chuteiras, periguetes e gostosonas
  • Desencanados:é a galera mais

Há mais de 30 anos, a Avenida do Batel – ou melhor, o trecho de 2 quilômetros da Benjamin Lins à Bispo Dom José – é o principal polo de entretenimento da capital paranaense. Do "bobódromo" dos anos 80, quando o melhor programa era dar voltas e mais voltas de carro entre a Pracinha do Batel e a Brigadeiro Franco, à "Sunset Strip wannabe" dos anos 2000, com quase duas dezenas de bares e casas noturnas concentradas em 800 metros da Rua Bispo Dom José, pelo menos três gerações de curitibanos se divertiram – ou continuam se divertindo – por ali. Sem falar que a região sempre foi o local predileto para as comemorações das vitórias da Seleção Brasileira nas copas do mundo – pelo menos até o quebra-quebra na Copa de 1994, que comprometeu a festa nos mundiais seguintes.

Mas como a Batel se tornou o "point" preferido da juventude curitibana? Odilon Merlin, 45 anos, ex-proprietário do bar Era Só o Que Faltava e diretor cultural do Clube Curitibano, deu algumas pistas: "A Batel atual é uma consequência histórica e geográfica das domingueiras da Sociedade Thalia, no fim dos anos 60 e início dos 70", teoriza. "Depois do clube a galera ficava fazendo ‘footing’ [passeando a pé] na região. Esse footing desemboca no fim dos anos 70 na confeitaria da Maria Pia, bem em frente ao Castelo do Batel, e ali a coisa ficou séria: logo abriu o A Ilha, um dos primeiros serv cars da cidade, e o passeio a pé foi substituído pelos carros. A Ilha virou o Kharina, e veio o caos: playboys de Puma GTB e Escort XR-3 conversível arrancavam suspiros e congestionavam o trânsito na frente da lanchonete. Assim se criou a nossa ‘rua da praia’: é a rua do exibicionismo, do ver e ser visto, da ‘vitrinagem’ curitibana."

"Esse era o espírito da juventude daquela época", confirma o empresário Rachid Cury, 60 anos, fundador da lanchonete Kharina. "Não existiam tantos bares como hoje, com música ao vivo. Era só boate e lanchonete. Mas antes dessa loja da Batel, na esquina com a Coronel Dulcídio, nós tivemos outra lá em cima, na Bispo Dom José, ao lado de onde hoje é a Harley Davidson. O Kharina funcionou lá entre 1980 e 1990." O empresário lembra bem da azaração sobre rodas em torno da lanchonete: "Ficava todo mundo ali na frente, indo e vindo de carro. De madrugada tinham os rachas, e muita gente ia no serv car para comer e namorar".

Na Bispo Dom José, a primeira "balada" foi inaugurada em 1980, no terreno ocupado atualmente pelo Sheridan’s Irish Pub: o Rainha Careca, que funcionou até o fim daquela década. "Meu irmão voltou de Londres com a ideia de abrir um pub", conta a professora de francês e fotógrafa Claudia Pimentel, 46 anos, irmã do fundador, Fábio Pimentel, falecido em 2009. "Na parte de baixo era um bar, com piano e mais tarde bandas ao vivo, e em cima uma galeria de arte. E mesmo não tendo nada ali, pegou de primeira. Meu outro irmão, Thadeu, morava no Rio e sempre levava o pessoal do teatro. Lembro que atores como Diogo Vilela e Renata Sorrah chegaram a frequentá-lo, e o Cazuza cantou ali."

Mas foi só a partir de 1994 que a Bispo Dom José começou a se transformar no que é hoje. O divisor de águas foi a inauguração do Taco El Pancho, naquele ano. "Esta região era essencialmente residencial", afirma o fundador Gustavo Haas. "Tinha só o Kharina e alguns restaurantes, como O Marinheiro, onde é o Sheridan’s, e a pizzaria Palazzo."

O próprio Taco por pouco não foi um mero cachorro-quente, como lembra o empresário: "Eu tinha trabalhado em hotel na Europa, e voltei com a vontade de abrir alguma coisa. Um dia um amigo me ligou e disse que tinha pegado um ponto de cachorro-quente na Batel, e me convidou para uma sociedade. Mas ele logo caiu fora, e eu e a Elsie [sua esposa] resolvemos tocar. Ficamos procurando nomes para o cachorro-quente, escrevendo em papeizinhos, até que eu lembrei do Taco Bell [rede norte-americana de fast food], e tive a inspiração para fazer uma lanchonete de comida mexicana."

Sábia decisão: a casa – na época uma portinha em um pequeno centro comercial, o Colyseum – imediatamente caiu no gosto da galera. Na sequência, em 95, começou a funcionar o extinto Blue Bell Pub. Em 1997, o Taco foi ampliado; no ano seguinte, Haas abriu também o Peggy Sue, e a vida noturna tomou de assalto a Bispo Dom José: em 2001 surgiu o Dot (já fechado), em 2003 o Sheridan’s, depois o Taj, o Santa Marta, o Taboo, Yankee, Soviet e assim por diante.

Revitalização

Irremediavelmente consolidada como uma rua de bares e casas noturnas, a Bispo Dom José finalmente vai receber uma atenção especial da prefeitura de Curitiba: o trecho entre a Pracinha do Batel e a Rua Dom Ático será o primeiro a receber as obras do projeto de revitalização da Avenida do Batel, a ser implantado até a Rua Dr. Pedrosa. A assessoria da prefeitura informou que a rua terá o pavimento trocado, calçadas novas e mais largas em alguns trechos, floreiras, fiação subterrânea, iluminação especial e até um espelho d’água. As obras devem durar de oito meses a um ano, e foram orçadas em R$ 3,5 milhões nesta primeira fase.

Opinião dos leitores

Nelson | 12/06/2012 | 11:48Lembranças da Av. Batel? Que tal o churrasco da Churrascaria Cruzeiro e da sua feijoada aos sábados, embaixo das árvores, nos dias de calor? Dos pães do seu Alfredo da Padaria Burguel e das compras na Venda dos Baranhuk e no Mercado das Bandeiras. A Casa Maternal da Tia Paula, o belo palacete de Moisés Lupion, as belas e bem conservadas casas das famílias Zattar, Hermes Macedo, Gonn e Leprevost, entre outros. E para os bem antigos o bonde que ligava o Batel à Praça Tiradentes.

Robson Barros | 12/06/2012 | 11:37 Nossa, era muito bom! Íamos sempre em uma turma para lá. Um espaço para todas as classes sociais. Era Chevette, Gol, Corsa, BMW, mas o que mais chamava a atenção era um Fusca rosa de um amigo, que tinha um som muito bom.... estacionávamos em frente ao Kharina, e o pessoal começava a chegar e ficar em volta para curtir um som, e fazer novas amizades e paquerar...

Dario | 12/06/2012 | 09:09A Av. Batel era o ponto de encontro da juventude curitibana. Nos sábados e domingos, aquela fileira de carros e azaração correndo solta. Era divertido, pois muitas vezes encontrávamos aquela colega que não tinha como abordar no colégio/cursinho, mas na Av. Batel... um olhar, um oi, uma conversa de janela (de carro), a fim de que na semana seguinte tivesse como se apresentar para a garota. Nas Copas do Mundo, muito barulho nas ruas, buzinaço e muita alegria. Boas lembranças.

Yedo Alquini | 12/06/2012 | 08:16 Estudei no Internato Paranaense, no período de 1966 a 1968, e lembro da existência de uma família na esquina do colégio, onde hoje existe um posto de gasolina, em frente ao colégio D. Pedro II, que criava animais. Havia um pasto com vacas, etc. Era uma área tranquila. Assistíamos à missa eventualmente no Seminário, hoje Positivo, e nos fundos, onde há várias residências, era um grande bosque do colégio. No inverno, lembro que as poças de água congelavam no pátio.

Marcelo Jordan | 12/06/2012 | 07:12 Me lembro com muita saudade dos tempos que curti a Avenida Batel. Quando tinha uns 15 anos, no final dos anos 80, meu programa e de meus amigos era ir no Kharina fazer um lanche aos sábados à noite. Também era muito legal ir aos domingos à tarde ficar andando de carro de uma ponta à outra da Batel. Inclusive, a Batel marcou o início do meu namoro, na final da Copa do Mundo de 1994, quando a minha banda Carpe Diem tocou no trio elétrico! Esse namoro virou casamento, que dura até hoje!

Patrícia Villanueva | 11/06/2012 | 18:14 Quando nasci, morávamos na Avenida Batel. Nela comemorei grandes feitos nacionais ou apenas momentos de alegria da juventude. Nem existia "balada". Aos domingos à tarde era impossível transitar de carro normalmente por ela. Todos se encontravam lá. Mudei de país, fiquei 16 anos longe e outro dia me surpreendi com o mesmo trânsito engarrafado na avenida, por estarem comemorando algum momento feliz. Passaram-se mais de 4 décadas, mas a avenida continua viva para a sua população.

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