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“Ninguém quer estar dentro de um ônibus.” A frase do diretor Rafael Camargo parece pessimista para quem vive próximo ao Centro e apanha o coletivo ocasionalmente, só por preguiça de ir a pé. Meia hora depois, acompanhando a trupe a bordo do Inter 2 ensardinhado e preso no engarrafamento, a assertiva não parece mais tão generalizante.

É muito interessante a proposta de “Não Perca o Ponto”, contanto que os participantes tenham em mente o que diz a atriz Pagu Leal: “Não dá para ir pensando que os passageiros não são felizes”. O fato de os ônibus estarem costumeiramente lotados certamente incomoda muita gente, mas é besteira acreditar que, sem ele, a vida seria melhor. É por esse lado que Pagu vai na conversa com suas companheiras de banco, quando questiona o que elas sonham para suas vidas. Um carro? Outra pergunta muito certeira que ela faz: “Você conhece mais gente bacana ou sacana?”

Usando seus personagens, os atores podem nessa oportunidade (nessa intervenção? nesse “happening”?) se colocar de igual para igual com os passageiros. A máscara permite isso.

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