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Ryan Adams tornou-se um dos assuntos mais comentados no Twitter | Julia Brokaw/Divulgação
Ryan Adams tornou-se um dos assuntos mais comentados no Twitter| Foto: Julia Brokaw/Divulgação

Acabou a vergonha para admitir o amor enrustido pelas canções de Taylor Swift. Neste domingo (20), o cantor norte-americano Ryan Adams enfim disponibilizou a íntegra das versões que fez para “1989”, último disco da cantora e fenômeno teen, tão pasteurizada quanto outros artistas de sua geração.

Em um lance genial de marketing, Adams chama agora a atenção de uma horda de fãs histéricos que nem sabiam de sua existência - o lançamento virou um dos assuntos mais comentados no Twitter nesta segunda (21), impulsionado em grande parte pelos quase 64 milhões de seguidores da cantora. Melhor: conseguiu transformar o pop de batidas cadenciadas pelo hip-hop e de vocais inofensivos em arranjos que combinam rock, country e uma bela voz, estrutura que está cansado de repetir em seus álbuns.

Embora os universos de Ryan Adams e Taylor Swift pareçam distantes, eles se encontram nas letras melosas que muitas vezes versam sobre amor de maneira primária e também no passado. Antes de virar uma estrela pop, Swift foi uma cantora de música country de grande sucesso, influenciada por artistas como Dolly Parton e, segundo ela mesma, o próprio Ryan Adams. A nova versão de “1989” seria então um leve retorno à aquilo que Swift deixou para trás em favor da fórmula quadrada em voga na indústria musical hoje.

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As mudanças em relação aos originais são tão gritantes que o ouvinte desavisado, caso não saiba que este ‘1989’ é um disco de covers, reconhece ali apenas as digitais do autor dos excelentes discos “Heartbreaker” (2000) e “Easy Tiger” (2007). A confusão é ainda maior porque, no ano passado, Adams lançou “1984”, álbum no qual, com canções próprias, presta homenagem a bandas que o influenciaram, caso dos Replacements.

Quando anunciou as gravações de “1989”, o cantor disse que sua versão seria a la Smiths. Embora seja uma referência diluída em quase tudo o que foi produzido no rock após o fim da década de 1980, o disco não remete aos vocais de Morrissey nem à guitarra de Johnny Marr. Adams despiu toda a embalagem descartável dessas canções e as reconstruiu com muita melancolia. “Shake it Off”, ótima música de pista com bateria empolgante, virou uma balada delicada, ressaltando sua bela melodia vocal.

“Wildest Dreams” também tem este efeito, mesmo que num caminho contrário. Tira todas as presepadas eletrônicas e faz uma versão mais cheia de instrumentos, mais “barulhenta” que a versão original, sempre destacando o esqueletos das canções. Sem querer, Adams transforma Taylor Swift em gênia. Enxuga todos os excessos de produção para revelar que, por trás das várias camadas digitais e efeitos que tornam todos os novos artistas pop iguais, há uma ótima compositora. A nova versão de “1989” poderia cair na ironia ou na piada fácil, mas tornou-se um exercício curioso do quanto a música precisa se voltar ao seu ponto mais importante: a composição.

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