Ao ver Ryan Tedder, vocalista do One Republic, cantar no palco do Rock in Rio, o engenheiro André Oliveira, 40, estranhou. “Essa porra não é do Justin Bieber?”
Aos 36, Ryan tem um ar jovial, com chapéu e uma blusa estilo básico que aparenta ser um número menor do que seu manequim. Passa este espírito “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”. Não é, contudo, nenhum novato.
Fundou a banda norte-americana em 2002 e, desde então, emplacou uma sucessão de hits que a princípio você talvez nem saiba que são dele, como “Apologize”, sobre ser “tarde demais para se desculpar”.
Ao ser lançada, em 2007, virou a música mais tocada das rádios americanas. O recorde só foi quebrado no ano seguinte, por “Bleeding Love”, de Leona Lewis. Ah, sim: canção coescrita e produzida por Ryan.
O músico terceiriza seu talento, compondo e produzindo para artistas como Madonna, Beyoncé, Adele, Maroon 5 e Taylor Swift. Há quem o chame de “Jay-Z branco”. A revista “Billboard” preferiu classificá-lo como “o rei desconhecido do pop”.
O engenheiro André, que esperava para ver Queen, saiu do show convencido. “A outra banda [The Script] era ‘teen, teen’. Uma merda. Estes caras aí têm pianinho, violino, tá legal.”
O pop-rock do One Republic não causou indigestão numa plateia que, contudo, parecia esperar pelo prato principal, o Queen, que tocaria em seguida.
Mas, com muitos gritinhos em falsete, Ryan conseguiu empolgar sem forçar uma performance “pavão” como a de Adam Lambert, o substituto de Freddie Mercury.
Ele opta pelo bom-mocismo no palco. Declara que, “se o mundo acabasse amanhã, morreria feliz”. Faz um cover inofensivo de “Seven Nation Army”, do White Stripes. Pega a câmera de um cinegrafista e registra o público (mesmíssimo gesto do colega da Script, aliás, no show anterior).
Mostra que também é fã e puxa a manga do guitarrista Drew Brown para revelar sua tatuagem: uma fita K7 do Queen, formato musical desconhecido por parte do público. Uma garota que aparentava não mais que 20 anos explicou à amiga que seu pai “tem uma dessas em casa”.
Ryan até provoca a plateia perguntando se metade dela não está bêbada, mas não vai muito além. Sua postura lembra a de um escoteiro que, numa “noite muito louca”, se permite entornar três cervejas.
É como a revista “Rolling Stone” já disse sobre o One Republic ao resenhar seu álbum “Native” (2013): “O maior problema é também o maior ativo: o próprio Tedder, gênio musical que é um cantor tedioso e sem personalidade”.