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Os interesses de Manaoos Aristides transitam entre o cinema e a História. Desde 1999 ele está rodando em diferentes locações do Paraná uma série televisiva de época chamada A Saga – Da Terra Vermelha Brotou o Sangue. Qualquer conversa sobre o projeto, inevitavelmente, rende relatos históricos curiosos. "Terra grilada", por exemplo, é uma expressão surgida no oeste do Paraná. "Os poderosos faziam título sobre título das terras, ou seja, pegavam a escritura original, copiavam a manuscrito, mas com datas anteriores à escritura real", conta Aristides. A cópia era colocada em uma gaveta com 30 grilos. Depois de semanas guardado, o papel ganhava aspecto envelhecido, deteriorado pelas toxinas liberadas pelos corpos dos grilos mortos. "Os fraudadores vinham diante da escritura que outra pessoa tinha e diziam ‘A nossa é mais velha que a sua. O que vale é essa aqui’. O cara ou saía da terra ou morria. E aí prevalecia a escritura grilada. Por isso, essas são as terras griladas", conta Aristides.

Fascinado por histórias como essa, o cineasta empreendeu, ainda nos anos 80, o que descreve como seu "projeto de vida". Juntou-se a Jorge Luiz Guirado, de Cascavel (Oeste paranaense), que ambicionava fazer a uma série de televisão fora do eixo Rio-São Paulo. Eles formataram o projeto de A Saga... e até receberam o apoio da Lei Sarney – ajuda que seria retirada com a posse do ex-presidente Fernando Collor, em 1990. O material pôde ser rodado somente em 1999, a partir de investimentos pessoais dos envolvidos.

A série narra diferentes episódios da história da colonização do Paraná. Inicia contando a passagem do pioneiro espanhol Don Alvar Nuñes Cabeza de Vaca por essas regiões, em 1542. Também é relatado o episódio da Colônia Militar de Foz do Iguaçu e outros episódios transcorridos na região, como a travessia da Coluna Prestes pelo estado (1924). As filmagens, feitas em formato betacam digital, duraram mais de dois anos, somadas a três anos de pré-produção. Locações incluíram espaços de Campos Gerais (Ponta Grossa), Foz do Iguaçu, Cascavel e Porto Mendes. No Planalto Central, foi encenada a chegada dos pioneiros a Toledo, São Miguel do Iguaçú, Itaipulândia, Cascavel e Foz do Iguaçu.

No elenco foram mesclados atores do eixo Rio-São Paulo (Roberto Bomtempo, de Dois Perdidos Numa Noite Suja, João Vitti, entre outros) com atores locais conhecidos, e até alguns principiantes (Daniel Lange, Daniel Petroski, Elcio Domingues e Adilson Girardi). Uma das idéias iniciais era abrir espaço para os talentos locais.

Hoje, a produção está em processo de finalização. Um compacto de 20 minutos de duração será mostrado na aula inaugural do Cinetvpr (Escola Sul-Americana de Cinema e Televisão), a ser ministrada pelo governador Roberto Requião, às 14 horas, do próximo dia 22, no Parque Newton Freire Maia (em Pinhais, região metropolitana de Curitiba), que sediará a instituição.

Quando for completada, a série terá aproximadamente 16 capítulos, com cerca 45 minutos cada. O número de episódios e sua duração pode variar de acordo com o meio exibidor. A intenção da equipe, que na próxima semana grava as últimas cenas em Guarapuava, é encerrar a produção até o final do ano. Se o cronograma for cumprido, a série poderá ser exibida já em março de 2006 pela Paraná Educativa. Depois, o material será reduzido e lançado como longa-metragem.

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