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Veja no infográfico o resultado da pesquisa sobre os hábitos de cultura no estado |
Veja no infográfico o resultado da pesquisa sobre os hábitos de cultura no estado| Foto:

Porcentuais

A oportunidade faz os números

A oferta de atrações se reflete nos resultados que comparam os porcentuais entre as regiões. O circo, por exemplo – que surpreendeu pela grande quantidade de espectadores –, foi menos visto na região metropolitana de Curitiba e proximidades (8%) do que nas demais regiões (12%).

O mesmo se aplica para os shows de música popular: 26,3% dos habitantes da capital paranaense e munícipios do seu entorno foram a apresentações neste ano, contra 37,5% da população do resto do estado – o que o diretor da Paraná Pesquisas Murilo Hidalgo atribui ao sucesso dos shows de música sertaneja nesses locais.

Os números elevados para shows de música popular, para o professor de antropologia da UFPR Paulo Guérios, podem ser atribuídos a apresentações gratuitas e em locais abertos. "A música costuma ser mais acessível", diz.

Já em resultados como os de música erudita e museus, a lógica da oferta e da procura é a mesma, mas o que chama a atenção é justamente a proximidade dos números. Enquanto 3,38% da região metropolitana foram a concertos, 2% o fizeram nas demais regiões – onde a presença deste tipo de apresentação é bem menor.

A diretora-presidente do Teatro Guaíra, Mônica Rischbieter, dá sua explicação: "A Orquestra Sinfônica do Paraná fez neste ano um circuito por sete cidades do interior, e foi um sucesso, porque não existem orquestras nesses locais. Quando a Sinfônica se apresenta, é muito bem-recebida. Todo mundo vai assistir."

Foram a museus 15,2% da região metropolitana e 10,6% das demais. Os números são expressivos para o professor Guérios. "Os museus também podem ser vistos como uma coisa erudita para a maior parte da população. Mas tem havido políticas fortes de estímulo que têm sido percebidas como efetivas pelas pessoas da área", diz.

Para Hidalgo, há outro detalhe que eleva os números das demais regiões em relação ao entorno da capital, apesar de concentrar um maior número de museus. "Para quem vem do interior para Curitiba, por exemplo, o Museu Oscar Niemeyer é um ponto turístico. O curitibano não vai muito, mas o interior passa para conhecer", diz.

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  • O porcentual dos paranaenses que foram ao circo em 2011 (10,7%) surpreendeu, ficando próximo ao resultado do teatro (11%) e do museu (12,1%), de acordo com a pesquisa

Uma minoria da população do estado foi a concertos, peças de teatro, museus e outras atrações culturais em 2011, de acordo com um levantamento da Paraná Pesquisas feito exclusivamente para a Gazeta do Povo entre os dias 18 e 23 de novembro. No entanto, quando analisados em números absolutos, os porcentuais (veja infográfico ao lado) mostram que uma grande quantidade de paranaenses teve acesso a esses programas – inclusive em alguns gêneros em que, tradicionalmente, considera-se que haja poucas opções para o público.

"A pesquisa mostrou que o paranaense, de um modo geral, tem uma vida cultural ativa", diz o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. Para ele, os 12,1% que afirmaram ter ido ao museu – índice que representa cerca de 700 mil pessoas –, por exemplo, é um número alto se consideradas as oportunidades. "Quantos museus existem para 12% da população? E quantas salas de cinema para 26,8%? Os números são altíssimos, porque não há muitas opções. Se existissem mais, o povo iria", opina.

Tristeza esperada

A pesquisa também mostrou números considerados muito baixos. Foi o caso do porcentual da população que assistiu a concertos de música erudita (2,5%). "É uma tristeza infinita", diz a diretora-presidente do Teatro Guaíra, Mônica Rischbieter. No entanto, ela diz que os resultados não são uma surpresa, já que a música clássica tem um "caminho mais longo" para conquistar um público fiel. "A gente pode avaliar que precisa buscar o público. É bacana ter o número para brigar, para ir em busca de encantar as pessoas com a arte que temos para mostrar", diz a diretora, que menciona como medida para alcançar mais plateias os concertos que a Orquestra Sinfônica do Paraná vem fazendo fora do teatro.

Outro resultado que causa "tristeza, mas não espanto" é o da leitura. Mais da metade (53,9%) dos entrevistados não leu um livro sequer em 2011 – um dado ainda mais preocupante levando-se em conta que a pergunta da pesquisa não especificava o tipo de livro, podendo estar incluídos ali livros não literários, como observa o diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira.

"São pessoas que estão mais fragilizadas do ponto de vista cultural. Porque, de alguma maneira, a leitura, além de fortalecer a cidadania, faz com que a pessoa se interesse por outras áreas da cultura com senso crítico mais aguçado", diz Pereira, lembrando que é preciso investigar por que há tanta gente que não leu durante um ano inteiro. "É preciso saber se não leram porque não tiveram acesso ou interesse, se elas não têm acesso a uma biblioteca, se estudam, se são analfabetas funcionais", sugere.

Para o dramaturgo, ator e diretor Edson Bueno, a falta de leitura, assim como o pequeno porcentual da população que foi a peças de teatro (11%), não é causada por falta de oportunidades. "Você encontra o melhor da literatura nacional e mundial por R$ 12", diz Bueno, para quem o problema é educacional. "Não existe educação que diga às crianças que o teatro é uma coisa importante na vida delas", diz. "O teatro se encaixa no grupo dos que fazem arte de reflexão. A maioria das pessoas não vê como diversão."

Enquanto isso, o circo foi uma das surpresas da pesquisa, com um resultado próximo ao do teatro. Foram a espetáculos neste ano 10,7% da população – resultado que é percebido por circos como o Stankowich, que está instalado em Curitiba desde o dia 27 de agosto. "É um momento bom", diz Kamila Stankowich, responsável pelo marketing do circo. "Hoje em dia, o circo está em alta. O Cirque du Soleil ajudou muito e o filme O Palhaço também está ajudando", diz Kamila, que aponta a temporada do Stankowich em Curitiba, que vai até domingo, como a melhor do ano. "A gente se surpreendeu com a cidade", conta.

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