De olho na onda do "samba de raiz", Jair Rodrigues apostou no que sabe fazer melhor e acertou na mosca. Alma Negra possui uma consistência pouco percebida nos trabalhos recentes do gênero, graças à trajetória riquíssima de seu intérprete. Dono de um leque invejável de referências, acumuladas em mais de 40 anos de carreira, o artista esbanja segurança e maturidade (além de uma boa dose de intuição ) ao longo do CD.
A característica fundamental do registro, no entanto, é o equilíbrio entre o Jair "de sempre" e o "moderno". O primeiro conduz todo o trabalho, escolhendo o repertório e lhe emprestando sua experiência. Já o outro Jair, surgido nos últimos anos, aparece no estilo da produção, ao mesmo tempo simples e sofisticada. O resultado desse cruzamento é "samba levanta povão", como bem define o cantor, mas com um tratamento que pode agradar ao público mais elitizado. GGG1/2