O Saradão era miudinho, no seu tempo AH (Antes dos Halteres).
Apanhava dos moleques maiores. Na escola, levava esbarrão, caía. No futebol, diziam que a melhor posição para ele era no banco.
As meninas da turma só olhavam para ele quando o professor lhe fazia alguma pergunta.
Um dia, um colega de miudice deu de crescer e encorpar que só vendo, e revelou:
Eu estava esticando tanto que o médico mandou fazer academia pra não virar palito.
Ele foi à academia conferir. Gostou da aeróbica e dos aparelhos, mas se apaixonou foi pelos halteres.
Enquanto ele crescia aos pulos, o pai brincava que a mãe estava botando fermento na comida, e ele foi fortalecendo tanto que, mesmo ficando maior nos mesmos corredores estreitos da escola, ninguém mais esbarrava nele.
Um ano depois, já abriam espaço para ele passar, um triângulo de músculos, ombros largos sobre cinturinha, ganhando o apelido de Saradão.
Aos dezoito, já procurava esbarrar nos outros saradões, e assim arranjou várias brigas, até cair a ficha que era melhor ganhar garotas do que brigar com marmanjos.
Flertava com todas, mas só conseguiu namorar umas poucas, na verdade só duas por mais de uma semana.
Uma reclamou que ele não abraçava, sufocava. Outra pediu que ele não lhe apertasse tanto a mão, ela estudava piano e...
Ao menos no futebol era um zagueiro de sucesso: os atacantes preferiam passar longe dele.
Na academia continuava aumentando o peso dos halteres. Mas no futebol quebrou a perna de um volante miúdo, ganhou o apelido de Broncossaradão.
Triste, foi consolado pela Leninha, loirinha miudinha cujo esporte era jogar charme.
Ele se apaixonou tanto que até esquecia os halteres.
É bom mesmo, ela falou: Pra me levantar nos braços, já tá forte demais!
Nas festas, ela dançava com todos, ele enciumava, chegou a quebrar um copo na mão, de tanto apertar com raiva. Ela passou a dançar sozinha, ele reclamou, ela sentenciou:
Então aprende a dançar ou larga do meu pé!
O Saradão foi para a escola de dança, começou com bolero, chegou até o tango. Aprendendo a girar, rebolar, mexer os ombros, sorrir. Jamais esqueceria o dia em que a professora falou:
Se continuar se esforçando assim, apesar desse corpão, vai chegar a ser gracioso.
Esforçou-se, aliviando posturas, refinando gestos. No baile de formatura ganhou prêmio, teve orgulho de chorar, as lágrimas lambuzando a cara, Leninha aplaudindo aos pulinhos. E continuou a dançar, nunca mais botou as mãos em halteres.
Dançando, parece um tanque de guerra querendo ser motocicleta, mas Leninha se orgulha dele e ele se encanta ainda mais com ela.
Se alguém faz gracinha (tipo "olha o Saradoca"), ele nem liga, e a ela segreda que só se arrepende dos halteres: se não tivesse malhado tanto, seria mais leve e dançaria o fox-trote como ela merece.
Ela se alegra:
Que bom! Você sarou!
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