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Estreia de Sophie Barthes traz David strathairn e Paul Giamatti em roteiro com pé na ficção científica | Divulgação
Estreia de Sophie Barthes traz David strathairn e Paul Giamatti em roteiro com pé na ficção científica| Foto: Divulgação

Almas à Venda (confira a programação completa), o primeiro longa da francesa Sophie Barthes, radicada nos Estados Unidos há dez anos, é um mergulho burlesco nos recônditos da psique, com um pé na ficção científica mais extravagante e o outro no teatro do absurdo.

O ponto de partida é original – existe uma tecnologia que extrai a alma do corpo e introduz nele a de outra pessoa– e abre espaço para uma reflexão sobre as neuroses da profissão de ator.

O nova-iorquino Paul Giamatti ensaia a peça Tio Vânia, de Chek­hov, na qual encarna uma figura depressiva. Isso o angustia a ponto de ele decidir se livrar de sua alma, recorrendo a uma clínica de alta tecnologia.

Depois de operado, ele descobre que sua alma tem o aspecto de um grão de bico, que cai no chão e quase o desespera, e passa a atuar de modo pouco convincente nos ensaios, desconcertando o diretor e os outros atores em cenas engraçadíssimas. Para penetrar mais no personagem, o ator resolve im­­­plantar em si a alma de uma poeta russa.

As coisas se complicam quando ele se depara com o tráfico de almas entre a Rússia e os EUA, que acaba dominando o resto do filme. As digressões sobre o espírito perdem então espaço. Uma pena, pois elas cruzavam sarcasmo e Jung, que vincula, em O Homem à Descoberta da Sua Alma, a tragédia do homem moderno ao distanciamento da alma.

Outra referência é o romance Almas Mortas, de Gógol, uma sátira da Rússia escravocrata. Do mesmo modo, o filme satiriza pelo absurdo a sociedade americana e seu pragmatismo aparentemente sem limites.

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