Aos 20 anos , o músico curitibano João de Macedo Mello nunca conheceu a Pedreira Paulo Leminski. O principal palco curitibano reabriu em 2014, depois de seis anos fechada e João mora em Londres desde 2013.
Sua estreia, porém, será em grande estilo e deve acontecer no dia 14 de dezembro, uma segunda-feira. Data provável do show do guitarrista David Gilmour na cidade. Há dois meses João foi recrutado pelo astro do Pink Floyd para ser saxofonista de sua banda de apoio.
“Quando eu recebi o convite foi difícil de acreditar. Quando me toquei que ainda por cima iria tocar em Curitiba, foi uma coisa louca. Eu dei um pulo. Nunca fui lá na Pedreira”, disse o músico por telefone, de Londres, na tarde desta quarta-feira (26).
O show ainda não foi confirmado pela DC Set, empresa gestora da Pedreira que disse que ainda “negocia os últimos detalhes para garantir a data”.
No entanto, várias fontes ligadas a Gilmour, a começar pelo próprio João de Macedo Mello, deram a informação de que o show acontecerá mesmo em 14 de dezembro.
Outro lugar em que João ainda não foi e vai conhecer executando o solo de sax de “Shine On You Crazy Diamond” é o mítico Royal Albert Hall, principal casa de shows londrina por onde começa a turnê de Gilmour em outubro.
Para entender como o jovem músico nascido em Curitiba, em 1995, e toca oito instrumentos, entrou para a banda do guitarrista do Pink Floyd é preciso voltar a 2013.
No começo daquele ano, João com 16 anos fazia parte de três bandas em Curitiba como a Rocksteady City Firm e só queria tocar e se divertir. Musico nato, João é filho do músico e compositor Chico Mello (que hoje vive na Alemanha) e da atriz Christiane de Macedo e toca piano desde os quatro anos.
“Meu pai sempre me incentivou a aprender música. Quando eu enjoava de um instrumento eu migrava para outro. Ele dizia: “todo bem, desde que continue estudando”. Serei grato a ele eternamente”, reconhece João.
Fez aulas de piano com Edith de Camargo, de bateria com Walmir Pêgas e de sax com Helinho Brandão. No começo de 2013, sua mãe o convocou para ir “morar com ela em Londres, ou pelo menos passar uns seis meses”.
João acabou indo a contragosto. “Tinha 16 anos, não queria deixar Curitiba, nem parar de tocar com os meus amigos. Os primeiros seis meses foram difíceis”, lembra.
Até que num dia em que tocava numa esquina no leste de Londres, conheceu o baixista Fred da banda Razorlight. Os dois começaram a tocar junto e logo surgiu o convite para tocar com a banda e também no projeto paralelo do vocalista Johnny Borell.
“Me juntei a banda e fomos para a França para gravar as demos do disco e tocar. Ele me ofereceu um contrato. Nessa época eu estava decidindo entre entrar numa escola de música ou tocar profissionalmente e não pude deixar a oportunidade passar”, conta.
No primeiro ano em que ficou no Razorlight, João conheceu David Gilmour. “A filha do David namora o guitarrista da banda. Ele sempre foi bem legal, mas nunca imaginei que estava ao meu alcance tocar com ele”, conta.
Nesta época, outro nome fundamental do rock, o guitarrista Phil Manzanera estava procurando tecladista e saxofonista para sua banda solo. Os colegas do Razorlight, amigos de Manzanera, indicaram João, “que poderia fazer as duas coisas pelo preço de um”.
Phil se encantou com João e ele passou a tocar regularmente na banda do ex-Roxy Music. Então foi a vez de Gilmour procurar um saxofonista para a banda que estava formando para sua turnê 2015/2016 já que o saxofonista Dick Parry está com problemas de saúde.
Desta vez foi Phil Manzanera que fez a ponte e indicou o jovem músico de sua banda. “ele ligou para ele [David Gilmour] e ficou falando coisas boas a meu respeito. Dois dias depois o empresário do David me ligou e fez o convite”, conta.
“Não sei te dizer porque eles me escolheram, talvez pela minha idade, não saberia te explicar”, diz com modéstia genuína.
O fato é que João, que quando era adolescente “pirava” ouvindo os discos do Floyd em seu quarto, aceitou o chamado e se juntou a banda para os primeiros ensaios. Por conta de sua agenda com o Razorlight, ele vai tocar parte da perna final da turnê europeia e de toda a perna na América Latina.
Apesar de não esconder a alegria, João mostra maturidade ao dizer que o bom momento exige dedicação ainda maior a carreira. “Sempre soube que a música era o meu caminho. Nos últimos dois anos tem me acontecido coisas muito boas, mas eu sei que outras também irão aparecer se eu seguir tocando, estudando e me dedicando”, afirma.