Franklin visitou o Brasil pela primeira vez em 2008, através de Marianne Spiller, amiga que mantém um projeto social em Mandirituba.

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O suíço de Mandirituba

Jazzista europeu adapta-se ao Brasil tomando guaraná e tocando Tom Jobim. Fã de Coltrane, quer inventar “algo” que envolva bossa nova e eletrônica

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Já se interessava pela cultura do país. Antes disso, morou na Colômbia por dez anos, porque é um aventureiro não só na música. “Fui fazer queijo suíço e tocar sax”, diz. Franklin era namorado de Ane Marie, e ambos cultivavam um gosto em comum: tribos indígenas. “Na Suíça, éramos um número. Lá na Colômbia, e aqui também, as pessoas ainda te chamam pelo nome”, explica o saxofonista, apaixonado pela “calmaria do campo”.

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Projeto social ensina música de graça

O jazzista é um dos professores de música da Associação Brasileira de Amparo à Infância (Abai), organização não governamental que existe há 36 anos em Mandirituba

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Moravam, ele e ela, em uma pequena vila do litoral do país. Tiveram uma filha chamada Mucuru, que logo depois foi batizada por uma missão de franciscanos. Água fria na testa e a menina engripou. Precisava de remédios. Mas aonde ir no meio da selva? Pai, mãe e filha febril viajaram ao vilarejo de Puerto López, onde, dizia-se, havia um médico. “O hospital era pior do que meu banheiro”, lembra Franklin. Na segunda metade dos anos 1970, as Farc já exerciam influência sobre o país de Pablo Escobar e as drogas eram um negócio lucrativo que envolvia, em grande parte, traficantes estrangeiros.

A família Dieter chegou ao médico indígena, que, ao avistar os brancos de olhos azuis, confundiu tudo. Deram uma injeção “amarela” na criança. Em cinco minutos, ela tremia e espumava. Mucuru tinha 14 meses quando morreu nos braços do pai. “Não me arrependo porque aprendi”, diz Dieter, antes de um despertador tocar às 15 horas de uma terça-feira. É hora do sax. “Sou muito regrado.”