Lançamento
Museu Guido Viaro (R. XV de Novembro, 1.348, Centro), (41) 3018-6194. Dia 19, a partir das 19 horas. Entrada pela Rua General Carneiro, com estacionamento anexo ao museu. Entrada franca.
Contos
Golegolegolegolegah!
Márcio Renato dos Santos. Travessa dos Editores, 78 págs,. R$ 30.
Seis homens que padecem de profunda incapacidade de comunicação, em um mundo individualista que não quer ouvi-los, formam o universo ficcional de Golegolegolegolegah!, o novo livro de contos do escritor curitibano Márcio Renato dos Santos.
Cada um dos seis personagens das histórias, mesmo com características psicológicas e pessoais diferentes, se unem pela solidão e o silêncio, mesmo em meio à multidão da cidade, o que, para o autor, é a marca de um tempo "de muita emissão e pouca resposta".
Narrados em primeira pessoa, os contos falam de homens sem rosto, idade ou nome (à exceção de um deles, personagem do folclore urbano, chamado Joaquim). Os contos também não têm locação e podem se passar em qualquer cidade média de qualquer país.
Segundo Márcio Renato, estas são algumas das diferenças deste novo trabalho em relação ao seu livro de estréia Minda-Au (Record), lançado há três anos. "Este livro é menos confessional, ao contrário do primeiro, que trazia muito de uma experiência pessoal minha na minha cidade", explica.
"Naquele momento, me pareceu que foi dada mais importância ao fato de um escritor curitibano estrear em uma grande editora. Se discutiu muito pouco o livro. Agora, o que eu queria que fosse discutido é o conteúdo dos contos", completa.
Apesar da narrativa em primeira pessoa, desta vez o autor usa seis vozes diferentes, cada uma delas com forma e sotaques particulares. Há o escritor em crise e o sujeito comum que vai de casa ao trabalho e um homem preso injustamente que encontra certa paz no cárcere.
Em dois contos: "Nevoeiro" e "190", os narradores já estão mortos, ainda que isto não pareça tão claro para os próprios ou para os leitores em determinados momentos.
Márcio Renato explica que decidiu reunir os contos em livro, pois eles formam um "conjunto conceitual" sobre este impasse nas relações contemporâneas. Desafiado pela máxima do mercado editorial de que "conto não vende", o escritor diz ter escolhido o nome quase impronunciável de um dos textos "para causar um ruído, chamar a atenção do leitor".
O tratamento gráfico do livro merece destaque. Todo em preto e branco "como um velho filme italiano", a anatomia do livro foi concebida pelo autor em parceria com o artista gráfico e grafiteiro Marciel Conrado.
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