Livro
Chimamanda Ngozi Adichie . Tradução de Christina Baum. Companhia das Letras, 64 pp., R$ 11,90.
Uma das mais importantes autoras da atualidade, a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie fez o discurso “Sejamos Todos Feministas” no TEDxEuston, em 2012, onde compartilhou a experiência de ser uma feminista africana. A palestra, cujo vídeo tem quase 2 milhões de visualizações, correu o mundo e foi até musicado pela estrela pop Beyoncé, na canção “Flawless”. Agora, a fala pode ser lida na íntegra em livro homônimo a conferência, lançado pela Companhia das Letras.
Há várias questões de gênero importantes abordadas por Chimamanda – algumas, vistas como “normais” ou “sem importância” em nossa sociedade: o fato de uma mulher ser valorizada ou julgada por sua aparência. O costume de criarmos meninas diferente de meninos (ela cita o exemplo de um casal com dois filhos, de um ano de diferença, que pede para ela preparar um macarrão instantâneo quando o irmão está com fome – não são os dois que deveriam aprender a mesma coisa?), entre outros fatos aparentemente ingênuos. Fatos esses que acabam contribuindo para manter uma cultura machista, que, sabemos, se transforma em violência.
Na fala, a autora toca em outros pontos cruciais quando se fala em feminismo: os estereótipos envolvidos (que feministas odeiam homens e não gostam de maquiagem) , o fato de que o termo não é associado a algo positivo, e a dificuldade em se conversar sobre gênero – segundo ela, tanto homens quanto mulheres se sentem frequentemente irritados quando o assunto aparece nas rodas de conversa.
O ponto mais comovente de Sejamos Todos Feministas é sua amplitude: não só não enxergamos todo o contexto construído para que nós, mulheres, nos sintamos diminuídas ou no dever de “não ameaçar’ o homem, como também não vemos o quanto o machismo prejudica a todos.
Os homens, via de regra, são criados para serem provedores, fortes, o cara com o dever de pagar a conta. Por isso, o ideal é que todos nós fôssemos considerados pessoas que, segundo a definição do dicionário, “acreditam na igualdade social, política e econômica entre os sexos”.
Obras
Saiba mais sobre os outros títulos da autora publicados no Brasil:
Americanah
Chimamanda parte de uma história de amor para debater temas universais como imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. Os direitos da obra foram comprados pela atriz Lupita Nyong´o, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2014, pelo filme Doze Anos de Escravidão.
Hibisco Roxo (2011)
Narrado pela protagonista Kambili, mostra como os preconceitos e tradições do pai destroem a família. A história foi elogiada por autores como o sul-africano J.M. Coetzee.
Meio Sol Amarelo
O livro faz um retrato sobre como as pessoas são obrigadas a tomarem decisões forçadas sobre o amor, responsabilidades, família e lealdade. O jornal The Guardian definiu a obra como “um marco na ficção.”