Traço dos desenhos de Nicola Heindl é marca registrada nas capas dos discos| Foto: Reprodução www.putumayo.com

Dan Storper era um estudioso da América Latina. Americano de nascimento, viajou pela América do Sul, incluindo a Bolívia, onde se inspirou no rio Putumayo para abrir uma loja de artesanato e roupas étnicas em Nova York, em 1975. Um dia, em 1991, Storper assistiu a um show do grupo africano Kotoja e, desde então, virou um entusiasta do que se convencionou chamar world music. A aventura de Storper pela música começaria em 1993, quando lançou duas coletâneas vendidas pelas lojas Putumayo. A iniciativa virou um selo com o mote: "Garantia de que você se sentirá bem".

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A Putumayo investiu em estratégias de marketing heterodoxas, como instalar pontos de venda em livrarias, lojas e cafeterias. Em pouco tempo, o selo cresceu a ponto de abranger culturas tão diversas quanto descuidadas pelo mercado fonográfico. Longe do pop anglo-americano, mas sem desprezá-lo, o selo retrata desde música israelense à salsa feita no Japão, da morna de Cabo Verde ao mambo afro-cubano. E prima pelo cruzamento entre contemporâneo e tradicional, como as ilustrações de Nicola Heindl (com toques naïf e pop) sugerem nas capas dos discos.

Após um tempo fora do Brasil, a Putumayo reabriu uma representação no Rio de Janeiro no final de 2006. Isso significa que todo um catálogo repleto de artistas que dificilmente circulariam por aqui volta a ser disponibilizado nas prateleiras. Seu lançamento mais recente é a coletânea Gypsy Grooves, um apanhado de grupos ciganos dos Balcãs e da Europa Oriental. Os estilos tradicionais ciganos dialogam com o hip-hop e a eletrônica, mas sem perder o vínculo com a música cigana tradicional, ou roma, como eles chamam.

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Entre os discos, estão coletâneas como Blues around the world – com bluesmen do mundo todo, incluindo os cariocas do Blues Etílicos, ou Long-Ge, bluesman de Taiwan; Radio Latino, com os cubanos dos Orishas, os argentinos Los Pinguos e a venezuelana Sacha Nairobi; Acoustic Africa, com músicos da Guiné-Bissau, Madagascar, Benin, Costa do Marfim e outros países; e Asian Lounge, onde a tradição oriental ganha estofo eletrônico. Fica uma pergunta no ar: por que, enquanto as grandes gravadoras quebram em todo o mundo, um selo como o Putumayo se mantém? Diversidade e originalidade podem ajudar na resposta.No site da gravadora (www.putumayo.com) é possível ouvir trechos das músicas divididas em 15 categorias, sendo uma específica para o Brasil, com coletâneas de Samba, Bossa-Nova, Funk, canções e acústico. Na divisão de discos infantis, também há registro com artistas brasileiros, com nomes como Teresa Cristina cantando "Se a alegria existe", Roberta Sá com "Tum tum tum", Cláudio Jorge interpretando "Coco Sacudido" e Gilberto Gil com "Expresso", entre outros.

Segundo Candice Vargas, vice-presidente da área internacional da Putumayo, o conceito de world music é complexo: "Uma faixa brasileira é classificada como world music nos Estados Unidos, porém é nacional e muitas vezes pop, no Brasil", explica, por intermédio da assessoria de imprensa. Nascida em Juazeiro, na Bahia, Candice entrega o endereço para os músicos que querem divulgar seu material – quem sabe a sorte ajuda? Anotem aí: Putumayo World Music, att. Michael Kurtz – 411 Lafayette Street, 4th Floor, New York – 10003 – USA.