A internet deu às revistas acadêmicas um toque revolucionário, permitindo que sejam publicadas com pouquíssimos gastos. Às vezes, boa vontade e criatividade bastam para que os professores façam proezas porque, basicamente, quase não há dinheiro.
"São organizações científicas, associações de pesquisadores, programas de pós-graduação (em geral lotados em universidades públicas), dentre outros setores e grupos que operam por uma espécie de dedicação e aposta na produção científica e de formação acadêmica/profissional", explica Sérgio Luiz Gadini, da Revista Folkcom.
Na UFPR, a Revista X é feita num esquema impressionante, explicado pela professora Clarissa Jordão: "A Revista X não tem despesa nenhuma de nenhuma ordem: a UFPR nos disponibiliza espaço para armazenamento de dados em seu servidor, o que não envolve nenhum gasto, já que usamos a plataforma virtual gratuita desenvolvida no Canadá e disponibilizada à UFPR para revistas eletrônicas. Não temos bolsistas, sala especial, equipamento específico: fazemos uso de gabinetes de professores e seus computadores que já estavam disponíveis mesmo antes de a Revista X existir".
O que move os envolvidos é a possibilidade de terem seus textos lidos. No caso dos pareceristas, aqueles que trabalham voluntariamente na seleção do que será publicado, o engajamento se explica pelo interesse na área a que se dedicam.
Para manter as publicações, existem recursos públicos de agências de fomento à edição de periódicos a Fundação Araucária é uma das mais conhecidas e, do Ministério de Educação, existe o Centro Nacional de Pesquisa (CNPq).
Para Gadini, "é aí o problema: embora seja por edital público, com critérios aparentemente transparentes, qualquer projeto de agência de fomento é enviado a consultores que, por sua vez, devem conhecer bem a área... E aí não é incomum ver que o apoio de tais recursos públicos gira entre as mesmas instituições e consultores".
Outros obstáculos para as revistas que procuram subsídios são a periodicidade e avaliação que sofrem ao serem indexadas. "Infelizmente, e ao mesmo tempo felizmente, a lógica de concessão de recursos é meio circular, de modo que somente revistas bem avaliadas e com periodicidade plena recebem os financiamentos, o que gera problemas para periódicos que venham a sofrer quedas na avaliação ou interrupções na periodização", explica Rodrigo Gonçalves, da Revista Letras.
Na UFPR, há um fundo de apoio para periódicos impressos que não podem contar com recursos externos, criado com o objetivo de evitar problemas de periodicidade.